CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA
"JESUS CRISTO FEZ-SE POBRE POR NÓS" (2 Cor 8, 9)
Esta foi a passagem da 2.ª Carta de São Paulo aos cristãos de Corinto que o Papa Francisco escolheu como mote da sua mensagem do Dia Mundial dos Pobres deste ano, dia esse que ele em boa hora instituiu, obviamente não para os pobres sejam assunto só num dia do ano, mas para que, pelo menos um dia no ano, nos seja chamada a atenção para o que devemos fazer nesse e em todos os outros dias.
Esta mensagem do Santo Padre, tal como todas as outras que têm vindo da sua parte, é muito rica em ensinamentos para a nossa acção. Por isso, vale a pena não deixarmos por fazer aqui referência a esta mensagem, sublinhando só dois desses ensinamentos para não alongarmos esta crónica.
O primeiro ensinamento tem uma relação com a quadra natalícia que aí vem. Antes de falarmos dessa relação, vamos à parte da mensagem do Santo Padre que interessa para este caso. O Santo Padre recorda o contexto no qual São Paulo escreveu esta segunda carta aos cristãos de Corinto. O Apóstolo tinha visitado antes Jerusalém onde encontrou Pedro, Tiago e João que lhe tinham pedido para não esquecer os pobres. Na sequência disso, São Paulo organizou uma colecta na qual os cristãos de Corinto colaboraram muito. O que aconteceu depois foi que, com o passar do tempo, esse entusiasmo inicial de generosidade esmoreceu. Daí que, nesta segunda carta, São Paulo tenha exortado a comunidade de Corinto a não perder o impulso inicial: "como fostes prontos no querer, também o sejais no executar, conforme as vossas possibilidades" (2 Cor 8, 11).
Na quadra natalícia que aí vem vão acontecer, como é costume, vários "entusiasmos de generosidade". É bom que eles aconteçam e nunca serão de mais. O que já não é bom é que depois eles esmoreçam no resto do ano. O cuidado dos mais pobres, nas várias formas que a pobreza pode assumir e que não é só a da carência económica, tem que ser uma prática de todos, em todos os dias do ano.
O Papa Francisco fala depois de pobreza em dois sentidos. Um sentido é o da "pobreza que mata". Esta é pobreza que, por várias formas, priva as pessoas de condições para uma vida humana condigna: as pessoas em situações de carência económica, as pessoas que são exploradas por outras de várias maneiras, a "desculpa frequente nos ambientes académicos, empresariais ou profissionais e até mesmo eclesiais" que leva muitas pessoas a não terem tempo, ou serem mesmo indiferentes e não se aproximarem dum pobre como de um irmão que lhes estende a mão para acordarem do torpor em que caíram.
O outro sentido da pobreza que o Papa Francisco refere é o da "pobreza libertadora" "que se nos apresenta como uma opção responsável para alijar da estiva quanto há de supérfluo e apostar no essencial". "Encontrar os pobres permite acabar com tantas ansiedades e medos inconsistentes, para atracar àquilo que verdadeiramente importa na vida e que ninguém nos pode roubar: o amor verdadeiro e gratuito. Na realidade, os pobres, antes de serem objecto da nossa esmola, são sujeitos que ajudam a libertar-nos das armadilhas das inquietações e da superficialidade".
Libertarmo-nos destas armadilhas é muito difícil. Por isso, é muito difícil praticamos a "pobreza libertadora", tal como Cristo nos ensinou quando Se fez pobre por nós, mas é só a "pobreza libertadora" que permitirá combater a "pobreza que mata" O resto é assistencialismo, impulsos de generosidade que se esvanecem, ou mesmo instrumentalização dos pobres para proveito próprio.
Que Deus nos ajude nisto que é tão difícil de praticar que é "alijar da estiva quanto há de supérfluo e apostar no essencial"!
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Américo Mendes