CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA

Jovens, acção vicentina e Obras de Misericórdia

Num evento que aconteceu há dias, uma pessoa deu testemunho de um encontro de Conferências Vicentinas onde cada uma trouxe consigo dois ou três jovens.

Foi relativamente próximo daqui. Não estivemos lá, mas disse quem lá esteve que foi um encontro memorável. Muitos parabéns a quem tão bem nessa zona está a trabalhar em prol do seu próximo e do bom futuro das Conferências Vicentinas.

Um movimento que não é capaz de atrair as gerações jovens está condenado à morte. Para quem está de fora, há muitas vezes a ideia de que é isto que se passa com as Conferências Vicentinas. É verdade, quem neste movimento como em muitos outros que são feitos de seres humanos, há partes que podem estar irremediavelmente minadas por esse mal, mas dizer isto do movimento vicentino no seu todo não é verdade. É ainda menos verdade na nossa diocese. Se fosse verdade, o movimento vicentino já teria morrido há muito, em vez de estar a crescer em termos de novas conferências e de revitalização doutras que estavam inactivas. O papel dos jovens vicentinos nestes processos tem sido crucial.

Voltando ao evento atrás referido, contribuiu para o sucesso do mesmo a intervenção de uma jovem vicentina que falou aos presentes não familiarizados com a acção vicentina desenvolvendo a boa ideia de que esta pode e deve ser vista como pôr em prática as Obras de Misericórdia. Segundo esta linha de argumentação, pediu aos presentes nesse evento para identificarem nessas catorze obras quantas é que correspondem a apoios materiais às pessoas que precisam de ajuda. A conclusão é de que são poucas as que estão nessa situação, mesmo nas sete obras ditas "corporais".

Aqui a intenção era combater outra ideia que muitas vezes se tem quando se está fora das Conferências Vicentinas, ideia essa que é pouco motivadora para atrair as gerações jovens. Estamos a referir-nos à ideia de que as Conferências Vicentinas são uma organização de pessoas idosas que distribuem uns dinheiritos aos "seus pobrezinhos" e pouco mais.

Infelizmente, há que dizer que há casos em que é assim. Há que dizer que não vão por bom caminho as Conferências onde, quando não há dinheiro, ou bens materiais para distribuir pelos "pobrezinhos", não há assunto para a reunião da Conferência.

Por isso, a jovem vicentina que deu o seu testemunho nesse encontro fez muito bem em ligar acção vicentina e Obras de Misericórdia, chamando a atenção de que nestas obras a distribuição de ajudas materiais a quem precisa delas está, obviamente, presente, mas há muito mais a fazer em prol do nosso próximo que está para além disso.

O dinamismo e a criatividade própria das gerações jovens, combinados com a experiência de vida e a sabedoria das gerações menos jovens (em idade, claro) têm sido a "receita" para a continuidade e renovação do movimento vicentino que chegou a Portugal em 1859 e que por cá irá certamente continuar.

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Américo Mendes