CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA

"Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita nele não pereça, mas tenha a vida eterna." (Jo 3, 16) - Quando me deparo com esta passagem que é o Evangelho do dia em que estou a escrever esta crónica vem-me à ideia todas aquelas vezes em que passo por Deus neste mundo e não O vejo.

É fácil vê-lo naquelas situações em que Ele encarna de forma bem explícita nos que são pobres e essa pobreza é visível.

Quanto a isto, nunca me poderei esquecer de muitas das minhas tardes de Domingo quando era criança e o meu pai me levava com ele para a sua ocupação favorita nesses dias que era visitar nas suas casas as pessoas acompanhadas pela nossa Conferência Vicentina. Era um tempo em que a pobreza, principalmente a de natureza material, era mais visível do que nos dias de hoje. Havia mesmo um lugar da freguesia por onde o meu pai costumava começar essa ronda onde essa pobreza existia quase casa sim, casa não. As gerações seguintes conseguiram ultrapassar essa situação e hoje já não é assim, mas isso não quer dizer que a pobreza na forma material e noutras tenha desaparecido.

Também é fácil vermos Deus por aí, por exemplo, na criança que nos interpela na rua para nos vender uma boneca dizendo que é para comer. Se for mentira e não for para comer, é pobreza na mesma.

Deus também está bem visível por aí, por exemplo, no senhor de idade, com roupas pobres, mas sempre muito asseado, que passava parte do seu dia sentado na rua a vender uns lenços, em silêncio, sempre com um sorriso que não disfarçava muito sofrimento. Este não nos enganava, de certeza, porque vivia num quarto pobre, de uma casa pobre, numa zona pobre.

O problema são todas as outras vezes em que Deus anda por aí e não O conseguimos ver, ou acabamos por O ver em situações inesperadas e em relação às quais muito pouco, ou nada podemos fazer. Nunca mais me esqueço daquele professor de inteligência claramente superior que um dia visitei em sua casa para ficar a saber, com muito pesar, que vivia viciado em drogas depois de situações trágicas que tinham ocorrido na sua vida.

Numa Conferência Vicentina, mesmo que não haja dinheiro ou outros bens para distribuir, mesmo que os Vicentinos, por causa da pandemia, ou por outros motivos, não possam reunir presencialmente, há sempre que fazer. O que há sempre para fazer é procurar ir reconhecendo as formas em que Deus anda por aí encarnado nas pessoas mais vulneráveis que podemos ajudar de alguma maneira, seja na nossa paróquia, seja fora dela.

Não quero terminar esta crónica sem repetir aqui a referência que já fiz numa crónica anterior a algumas pessoas que são um exemplo vivo deste ideal vicentino. Estou a referir-me aos dirigentes da nossa Sociedade de S. Vicente de Paulo dos quais vou falar a seguir, transcrevendo o que aqui escrevi depois das eleições para a presidência do Conselho Central do Porto da SSVP.

A referência justifica-se porque, devido à pandemia, só agora vai ser possível realizar a assembleia que irá efectivar a passagem de testemunho.

Assim, retomando o que aqui já escrevi em Dezembro passado, quero, em nome da minha Conferência e em meu nome pessoal, expressar as nossas saudações, o nosso agradecimento e a nossa admiração ao Sr. Presidente cessante do Conselho Central do Porto da SSVP, Manuel Fernando Carvas Guedes, e à Sra. Presidente eleita, Lisete Martins Oliveira.

O Sr. Carvas Guedes é um caso de vida exemplar dedicada ao cuidado do próximo que mais precisa. Desde muito novo tem-no feito através da sua dedicação, de alma e coração, ao trabalho nas Conferências Vicentinas. Se, hoje em dia, o Conselho Central do Porto é o que mais se destaca a nível nacional em termos de número e de actividades das suas conferências, não é por acaso. Esta situação deve muito a essa dedicação, de alma e coração, contínua e de longa data, do Sr. Carvas Guedes ao desenvolvimento do movimento vicentino na nossa diocese. Se ainda não se atingiu a meta que ele propôs de uma conferência por cada paróquia, não é por culpa dele, mas sim de nós e doutros vicentinos naquilo em que não temos estado à altura do seu exemplo, dos seus desafios e do apoio sempre amigo que dele temos recebido sempre.

Uma grande obra precisa de grandes líderes, mas, com certeza, estes não constroem sozinhos. Por isso, esta também é uma oportunidade para prestarmos a nossa homenagem e expressarmos a nossa admiração por aquele grupo de Vicentinos que, também, de alma e coração, de forma contínua e desde há muito, têm constituído a equipa em quem o Sr. Carvas Guedes mais vezes e mais directamente se tem apoiado no desenvolvimento das actividades do Conselho Central do Porto da Sociedade de S. Vicente de Paulo.

A presidente eleita, depois doutras responsabilidades que teve na Sociedade de S. Vicente, nos últimos anos tem exercido funções na Mesa do Conselho Central. Tal como o Sr. Carvas Guedes, também é pessoa que, apesar dos seus muitos afazeres profissionais, tem conseguido tempo para se dedicar ao próximo em funções de grande responsabilidade no movimento vicentino. Por isso, também para ela a expressão da nossa homenagem, da nossa admiração e do nosso dever de colaboração.

Que Deus os recompense por tanto Bem que têm feito e que os ajude nas importantes tarefas que têm no nosso movimento vicentino!

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Conferência de Paço de Sousa

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Américo Mendes