CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA

"Distanciamentos sociais"

Sendo esta a altura do ano em que algumas das nossas Vicentinas e dos nossos Vicentinos mais avançados na idade celebram acontecimentos muito importantes das suas vidas pessoais e familiares, damos-lhes aqui os parabéns por isso, mas não só. Também é de toda a justiça prestar-lhes a nossa homenagem e expressar publicamente a nossa admiração e agradecimento por, desde a sua juventude, a Acção Vicentina ter sido sempre parte importante da vida delas e deles.

Mesmo que a saúde de algumas e de alguns não lhes permita agora desenvolverem essa acção tal como o fizeram no passado, ou já não possam mesmo participar nas reuniões da nossa Conferência, não é por isso que estão "distantes" de nós. Temos a boa prática de dedicar todos os meses uma Eucaristia aos membros da nossa Conferência já falecidos. Se fazemos isso em relação a estes que já partiram deste mundo, também temos que ter sempre presentes no nosso pensamento e nas nossas orações os que estão vivos, mesmo que presencialmente já não possam participar nas actividades da Conferência, tal como o fizeram noutros tempos.

Mudando de assunto, ou talvez nem por isso, uma das formas mais cruéis do chamado "distanciamento social" decorrente da actual pandemia é a impossibilidade, ou muito forte restrição nas visitas a pessoas hospitalizadas, ou residentes nos chamados lares de idosos. Algumas destas pessoas terão falecido pensando erradamente que as suas famílias os abandonaram. Outros que estão vivos muito provavelmente têm o seu estado psicológico afectado porque o contacto com os seus familiares e com outras pessoas amigas está impossibilitado, ou está muito limitado. As debilidades da saúde física não se combatem só com tratamentos médicos e medicamentos. O carinho da família e doutras pessoas amigas também é essencial. Por isso, é muito importante tudo o que puder ser feito para reduzir esta forma de pobreza que é a privação do contacto pessoal de quem está internado com os seus familiares e amigos, obviamente sem pôr em risco a saúde de uns e de outros e a saúde pública em geral.

Mudando outra vez de assunto, ou talvez não, tal como tem acontecido com regularidade nas actividades da nossa Conferência, voltamos a ter mais um caso de uma pessoa idosa que, embora actualmente viva com outra pessoa, de facto, é uma pessoa isolada, ou, pior do que isso, é uma pessoa violentada por essa com que vive. Estamos a fazer esforços no sentido de que seja retirada dessa situação e passe para um ambiente onde deixe não só de sofrer esses maus tratos, mas também possa retomar o convívio social com pessoas que conhece e que lhe querem bem, sem esquecer os cuidados de que a sua débil saúde muito precisa.

Ser idoso, ter uma saúde débil e, em cima disso, estar "distante" do resto da sociedade, a começar pela própria família, é muito duro e, por vezes, mata. O combate a estas formas de pobreza deve estar no topo das nossas preocupações e da nossa acção.

Os nossos contactos (só para assuntos da Conferência e não para assuntos da administração do jornal)

Conferência de Paço de Sousa

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Américo Mendes