CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA

Precisamos de estar ainda mais atentos

Considerando os casos de que vamos tendo notícia directamente e mais os que sabemos pela comunicação social e por outras vias, há uma coisa que é certa quanto aos impactos sociais desta pandemia: ela não está a afectar todas as pessoas por igual, e não vão todas ficar igualmente bem quando ela passar. É verdade que quem já estava numa situação vulnerável tende a ver a sua situação piorar, mas a essas pessoas juntam-se outras que estão a passar por grandes dificuldades e que antes
viviam bem.

Assim sendo, a pergunta "Quem é meu próximo?" nos dias que correm e nos que vêm aí tem respostas que já não são as mesmas dos tempos antes da pandemia.

Se precisamos de estar sempre atentos ao próximo que precisa da nossa ajuda, nos tempos que correm essa atenção tem que ser ainda maior porque esse próximo pode estar onde não nos passaria pela cabeça que poderia estar.

Este tipo de atenção ao próximo não é nada fácil porque nos obriga a "sair da caixa" onde por vezes confortavelmente nos metemos quando se trata de identificar quem é "pobre".

Não há aqui receitas simples e que se possam aplicar, de modo uniforme, à grande maioria dos casos. Temos mesmo que ter olhos que vêem os que noutras circunstâncias não veriam, ouvidos que ouçam o que noutras circunstâncias não ouviriam e, agora como sempre, uma alma que não descansa enquanto sentir a inquietação de que há alguém a quem podemos ajudar de alguma forma, podendo agora esse alguém vir de sítios improváveis.

Que Deus nos ajude a ter estes olhos, estes ouvidos e esta alma de que sempre precisamos, mas agora ainda mais, para cumprirmos bem com o 1.º Mandamento que Ele nos diz todos os dias para seguirmos!

Américo Mendes