CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA

COMO É QUE CRISTO ENVIOU OS SEUS APÓSTOLOS

Ao longo de toda a vida e vivendo isso de uma forma muito intensa nos últimos tempos em várias iniciativas por onde tenho andado, tenho tido a sorte de saber, por experiência própria, como é importante não esquecermos o modo como Cristo enviou os seus Apóstolos a pregar pelo mundo. Recordemos como o fez (Mc 6, 7-13).

Enviou-os dois a dois, ou seja, em pequenas equipas. Nas obras de Deus não pode haver protagonismos individuais, mas sim trabalho em equipa e ajuda mútua.

Outra característica essencial do modo como Cristo enviou os seus Apóstolos é a de que não lhes deu nem dinheiro, nem nenhum outro bem material, ou poder sobre coisas materiais. Ordenou-lhes que nada levassem a não ser o bastão. Não deveriam levar nem pão, nem alforge, nem dinheiro. Deveriam ir calçados com sandálias e não deveriam levar duas túnicas.

Sendo assim, então como que os Apóstolos iriam prover às suas necessidades materiais? Teriam que apelar à partilha solidária que nuns sítios poderia acontecer, mas noutros não. "Quando entrardes numa casa, ficai nela até partirdes dali. E se não fordes recebidos em alguma localidade, se os habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá sacudi o pó dos vossos pés como testemunho contra eles."

Que nada fique, nem sequer o pó dos pés, de tudo o que seja contra a partilha solidária.

Se Cristo não deu nenhuns bens materiais aos seus Apóstolos para a construção do seu Reino e os incentivou a lidaram com esse assunto essencialmente com base no apelo à partilha solidária, então o que é que lhes deu?

Deu-lhes simplesmente o "poder sobre os espíritos impuros" e o mandato de "pregarem o arrependimento", ou seja, deu-lhes o poder de, através da sua palavra e do seu exemplo, os Apóstolos serem capazes de mudar as mentalidades e os comportamentos das pessoas que encontrarem pelo caminho no sentido delas passarem a viver as suas vidas no sentido do Bem Comum.

Como é que foi a vida do Pai Américo e como é que ele construiu a Casa do Gaiato?

Foi de um modo exactamente igual a este dos Apóstolos que Cristo enviou pelo mundo.

As obras de Deus têm que ser assim. Quando nelas entra o protagonismo individual, o apetite pelo poder sobre o dinheiro e sobre outros bens materiais, entra o micróbio que desvia essas obras do caminho do Bem Comum. Elas até podem crescer e serem "importantes", mas não no sentido da construção do Bem Comum.

Américo Mendes