CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA
Sobre o Pai Américo
Como nasci depois do seu falecimento, não o pude conhecer pessoalmente. Por isso, não tenho testemunhos para dar sobre um relacionamento pessoal que não tive com ele. O que posso dizer é que tive a sorte de ter vivido com quem privou com ele de muito perto e num mundo muito marcado pelo seu legado, onde muitas vezes e de muitas maneiras a sua presença continua viva e actuante.
Por isso, são muitas as marcas que tenho dessa sua presença e do seu exemplo, sendo difícil escolher algumas para aqui tratar. Vou ficar-me por três que me parecem serem muito importantes termos em conta para combater tendências que fazem deste mundo um mundo pior.
O mundo vai para pior sempre que, em vez da partilha solidária, há egoísmo. Toda a vida do Pai Américo, a obra que construiu, o exemplo e os ensinamentos que nos deixou são do melhor que há em termos de partilha solidária. Há tanto Bem que se poderia fazer e tanto Mal que se poderia evitar se houvesse mais partilha solidária, se houvesse mais prática do Milagre da Multiplicação dos Pães.
Muitas vezes acha-se que para fazer o Bem o que é mais preciso é dinheiro e outros recursos para financiar projectos com esse objectivo. Com certeza que é preciso haver dinheiro e outros recursos materiais. O Pai Américo teve que pedir esse dinheiro e esses recursos a muitos para poder fazer o que fez, mas isso não era para si, nem ele condicionou todo o Bem que fez a saber se ia, ou não ter dinheiro para isso. O que ele fez de mais essencial em relação ao dinheiro e a outros recursos materiais foi promover a partilha solidária. Através da sua acção fez com que muitos partilhassem o pouco, ou o muito que tinham e de que podiam, ou não precisar, mas que, respondendo ao apelo do Pai Américo, colocaram ao serviço do Bem Comum.
Costuma dizer-se que os portugueses são um povo solidário e generoso. De facto, há muitos casos onde isso acontece, mas não é verdade que, comparativamente com outros países que gostamos de tomar por referência, Portugal seja dos países onde os cidadãos e as entidades privadas (empresas e outras organizações) mais contribuem para causas sociais.
Por isso, há aqui ainda muito chão pela frente a percorrer nesse sentido. Com o seu carisma, o Pai Américo motivou e continua a motivar muitos para colaborarem em causas sociais, mas são precisos muitos mais.
Uma outra marca muito forte deixada pelo exemplo de vida do Pai Américo para quem anda em causas sociais é que não se anda nisto como deve ser sem um contacto pessoal com quem precisa de ajuda e sem ir aos sítios onde essas pessoas vivem. O mundo vai para pior nestas causas quando se inventam mediações e mais mediações que prejudicam esse contacto. Gasta-se muito tempo e outros recursos em burocracia, em reuniões, em conversa e noutras actividades que só desviam e não ajudam a esse contacto e conhecimento pessoal e directo com quem precisa de ajuda. O Pai Américo também fazia os seus registos. Também fazia contas, mas isso nunca o tolheu de pôr, em primeiro lugar, o contacto pessoal e directo com que ele achava que precisava de ajuda, ou que vinha ao seu encontro para isso.
Para não alongar mais esta crónica, a referência a só mais uma marca muito forte deixada pelo Pai Américo, mais precisamente o ele ter sido o oposto dos que andam a correr atrás da fama. O mundo vai para pior quando se anda a correr atrás da fama nas empresas, na Administração Pública e noutros sítios, incluindo dentro da própria Igreja. O Pai Américo não escreveu as suas memórias, ou melhor, recusou-se a escrever as suas memórias.
Se merecidamente teve e continuar a ter boa fama, não foi porque o que fez tivesse sido feito com o objectivo de ser famoso. A sua vida e a sua personalidade são a simplicidade em pessoa e o desprendimento total relativamente a esses objectivos mundanos que levam sempre a que alguém se aproveite e espezinhe outro alguém.
Aprendi isto e muito mais do que sei sobre a vida do Pai Américo e de quem, tendo privado com ele de muito perto, procurou seguir-lhe as pisadas. Que a declaração do Pai Américo como Venerável possa contribuir para que muitas mais pessoas o conheçam e também sigam as suas boas pisadas!
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Américo Mendes