CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA

 AJUDAR "QUEM MERECE" E "QUEM NÃO MERECE"

Daqui a bocado iremos ver como estão a ficar concluídas as obras numa das casas do Património dos Pobres da paróquia, depois de já termos cuidado da reparação de outra casa, que ficou vaga por falecimento do seu ocupante, e antes de a atribuir a uma nova moradora.

Estas obras, agora, são maiores do que as anteriores porque envolvem a substituição de quase todas as portas e janelas e a reconstrução do telhado que metia água, não só porque tinha telhas partidas, mas, sobretudo, porque tinha uma configuração deficiente que, em vez de evitar que a água da chuva entrasse na casa, a encaminhava para um ponto onde ela acabava por inundar uma parte do interior da habitação.

Quem tem estado, e vai continuar nesta casa, tem sido exemplar no modo como cuida do seu asseio. É uma senhora viúva, que também cuidou bem dos filhos que a pessoa com quem casou já tinha e dos que, depois, dele teve. Destes filhos, que agora estão longe, houve quem já se tivesse disponibilizado para contribuir com o que estiver ao seu alcance para o custo destas obras. Nem sempre isto acontece por parte de familiares de quem está nas casas do nosso Património dos Pobres, obviamente quando eles existem e têm possibilidades de o fazer. Por isso, merece ser dada aqui nota pública deste gesto.

Sempre que a situação o permite, temos tentado que os moradores ou familiares de moradores de casas do nosso Património dos Pobres que são reparadas, contribuam com o seu trabalho ou doutras formas, para essa reparação. Temos um caso recente de reparação de uma outra casa, para além das duas anteriores, onde são os próprios novos moradores que estão a providenciar o trabalho necessário para a sua reparação.

No extremo oposto, também temos situações onde, apesar de muito esforço da nossa parte, nem sequer conseguimos que os moradores destas casas cuidem sequer de limpar, com regularidade, as ervas do pequeno espaço de quintal anexo às casas.

Às pessoas que procuramos ajudar, antes de lhes darmos o apoio ao nosso alcance, nós não fazemos um exame para sabermos se são bem comportadas ou não, retendo, depois, apenas as que são bem comportadas. Temos que ajudar todas as que precisarem de ajuda, sejam elas como forem, mesmo que não consigamos mudar-lhes comportamentos errados. Temos que fazer isto, mesmo que o nosso trabalho seja criticado pelos que dizem que estamos a ajudar "quem não merece", obviamente sem desistirmos de procurar mudar esses comportamentos.

Américo Mendes