CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA
LONGOS CAMINHOS DE PROGRESSO SOCIAL QUE TEMOS QUE PERCORRER
Numa crónica anterior referimos como sendo um retrocesso social os casos de Conferências Vicentinas que deixaram de o ser, optando por se tornarem grupos socio-caritativos paroquiais. Isto é um retrocesso social porque esses grupos deixam de partilhar experiências e recursos com outras Conferências Vicentinas nas instâncias próprias que a Sociedade de S. Vicente tem para esse efeito (as reuniões dos Conselhos de Zona, os plenários dos Conselhos Centrais e os vários tipos de encontros que estes conselhos organizam), deixando, também, de contribuir para projectos colectivos do movimento vicentino, em suma, deixando de construir estas formas e outras de comunidade ao serviço dos que mais precisam.
Ora, com a diversidade e complexidade que os problemas sociais assumem nos tempos que correm, a forma adequada de os combater não é que quem o pretenda fazer se feche no "seu" grupo. É preciso que quem anda nesta causa seja capaz de se abrir cada vez à colaboração com outros que estejam imbuídos do mesmo propósito, começando dentro do próprio movimento vicentino.
A tentação para que cada Conferência se feche sobre si própria também é muito grande, tal como em grupos socio-caritativos paroquiais, apesar da Sociedade de S. Vicente de Paulo ter espaços próprios e muitas iniciativas que apelam a essa abertura à colaboração entre Conferências. Por isso, há aqui um longo caminho de progresso social a fazer dentro do próprio movimento vicentino.
Há outro longo caminho de progresso social a percorrer no que respeita à colaboração com outros grupos dentro e fora da Igreja Católica que trabalham em prol da justiça e da coesão social. Um dos progressos que isso poderá trazer para a Sociedade de S. Vicente de Paulo é algum do desejado rejuvenescimento das Conferências Vicentinas, para além, obviamente, de uma resposta mais multifacetada aos problemas sociais que estas procuram combater.
Podem-se conseguir "milagres" que pareciam impossíveis, e realizá-los com relativamente poucos recursos, quando essa colaboração genuína acontece.
Que a Páscoa também seja esta passagem gradual, e que precisa de tempo, para uma forma mais colaborativa de trabalho social por parte das Conferências Vicentinas, com outras organizações que lutam pela mesma causa.
Américo Mendes