
CALVÁRIO
O tempo da Quaresma e Páscoa é preenchido com visitas que vêm de coração e mãos cheias, para deixar conforto e alguma coisa aos membros do Calvário. Agradecemos o pão de ló, as amêndoas, os chocolates e muito especialmente um cadeirão de repouso para o Diamantino, o nosso doente paraplégico.
Agradecemos ainda a visita da cruz paroquial de Beire e o compasso que trouxeram ao Calvário o anúncio da ressurreição de Jesus Cristo com alegria, cor e música.
As nossas celebrações pascais tiveram lugar no edifício de aço e vidro. O mau tempo daqueles dias impediu-nos de levar os doentes à Capela Espigueiro. A ceia do Senhor, a adoração à cruz e a missa do dia de Páscoa foram bem participadas, quer pelos residentes, quer por vizinhos e amigos que estiveram presentes e nos ajudaram na liturgia da paixão e ressurreição do Senhor.
Este ano o Padre Telmo, que recentemente ocupou um quartinho nas novas instalações, completará 100 anos de vida. Para dar início a essa celebração promoveremos um espectáculo musical no novo Centro Cultural de Paredes no dia 18 de Junho deste ano pelas 21:30h. Participarão nesse evento a Banda do Exército — destacamento do Porto; os Galandum Galundaina — agrupamento de música tradicional mirandesa; os Pauliteiros de Picote; e o Coro Litúrgico da Sé de Aveiro.
Levaremos a cabo este concerto procurando angariar fundos para o projecto que o Padre Rafael, entre nós estes dias para uma cirurgia no Hospital da Prelada, relatou no último jornal — a criação de um lar de acolhimento na Aldeia da Gaiato para crianças com deficiências físicas e psíquicas, vítimas de má nutrição, e que são rejeitadas pelos pais. Esperamos que seja uma semente lançada por ocasião dos 100 anos do fundador da Casa de Malanje e dos 71 da fundação do Calvário, que importa dê frutos, passadas estas décadas e a evolução que agora se faz sentir, depois de tempos difíceis. Pedimos que os nossos leitores anotem na sua agenda este acontecimento e nas próximas edições do jornal daremos mais informações sobre o modo de participação. Será um concerto solidário.
Escrevo no preciso momento em que saltam por toda a comunicação social as notícias sobre o falecimento, esta madrugada, do Papa Francisco. E penso: que pena não ter sido no pontificado dele a canonização do Pai Américo. Ambos sacerdotes enamorados pelos pobres e apostados em desatar as amarras que os mantêm nas periferias existenciais: ausência de paz, carência de habitação, escassez de alimento, falhas na educação, desagregação familiar, aumento do racismo, movimentos anti-imigração. E tantas outras situações desumanas que tendem, pela sua abundância, a serem consideradas normais no mundo do século XXI.
Padre José Alfredo