
CALVÁRIO
Há em todo o homem, poisado esteja ele em que condição for, enorme capacidade de realização. Na maioria deles, porém, esta atrofia-se, ou nem sequer se desenvolve, por não haver quem a ponha em acção. […] É o caso do pobre inválido a quem ninguém deita a mão a erguê-lo e fica caído nas ruas, tantas vezes a pedir, a mendigar.
Padre Baptista, O Calvário, Editorial Casa do Gaiato, 2018, página 113.
O Calvário e a Casa do Gaiato de Beire participam na persecução da responsabilidade civil de algumas instituições da Cidade e do Concelho de Paredes. Instituições comerciais como a Padaria Frei Tuck, a Frutaria Pinto, o supermercado Lidl, também o Intermarché e ainda o Aldi, bem como a Câmara Municipal através do Departamento de Acção Social. Participação que se traduz na recolha de bem alimentares e outros que depois de tratados entram na ementa da nossa Casa e chegam a situações sociais de pobreza escondida ou marginalizada.
Associamos a este esforço três acções de caridade que apoiamos: a Conferência Vicentina de Galegos; os visitadores dos sem-abrigo no Porto e os visitadores de doentes em Campo, Sobrado Louredo e Vandoma. Estamos a falar no apoio a cerca de 150 pessoas. São preparados e distribuídos 15 cabazes familiares (semanal ou mensalmente), bem como 100 kits individuais semanalmente para os sem-abrigo. O nosso apoio é uma pequena participação no esforço que as pessoas envolvidas levam a cabo com grande diligência e compromisso.
Da nossa parte implica a visita diária a essas instituições que doam os produtos, o seu acondicionamento e o esforço de distribuição. Da nossa parte há três pessoas envolvidas: um motorista, uma voluntária e uma cozinheira.
Tentamos fazer uma contabilidade sumária do empreendimento. Assim: diariamente recolhemos cerca de 60 Euros em mercearia variada, vezes 7 dias, durante 56 semanas, o que dá um total de cerca de 23.520 Euros anuais. Investimos no gasóleo, 20 Euros semanais, e no tempo que os colaboradores dispensam diariamente, cerca de duas horas no total. O resultado é a cooperação e o diálogo com outras instituições e agentes de caridade, o que, concluímos, faz bem à nossa Casa e perpetua o bem que sempre fez ao ir à procura de situações de pobreza que era preciso trazer à luz do dia e curar.
Preocupa-nos que esta informação esteja acessível a todos os envolvidos nesta dinâmica, por isso reunimos e falamos das diferentes situações e de como se pode ir ainda mais além para satisfazer as necessidades básicas dos carenciados. Inventariar disponibilidades é fundamental para que esta pequena gota de água de caridade no oceano que representa a nossa sociedade empobrecida em certos ambientes se multiplique e vá sarando as causas de exclusão: baixas pensões sociais, envelhecimento precoce, ausência de projecto pessoal de vida, isolamento, ostracização, etc., etc. Por exemplo, para os sem-abrigo, sobretudo no inverno, já temos cedido roupa e agasalhos que muita falta fazem.
Resta partilhar, caro leitor, que no último encontro formal em que estivemos reunidos, nós e as três pessoas responsáveis por estas acções caritativas, acertamos que seria oportuno uma visita nossa a cada situação concreta de pobreza que se procura atender. Quem sabe se nesses lugares não existe alguém que precise de vir para o Calvário e da Casa do Gaiato de Beire. Se assim for estaremos a cumprir o nosso carisma de abrir a Casa a quem dela mais precisa, velando por quem está doente e passa necessidade, tornando efectiva a sua dignidade e não apenas conceptual.
Padre José Alfredo