CALVÁRIO

O Teatro mostra-nos que, apesar dos dias estranhos e difíceis que vivemos, o Belo continua a existir.

Eunice Muñoz

No passado dia 20 de Janeiro a Universidade Sénior Rotary de Valongo, com o seu Grupo de Teatro, levou ao palco do auditório da Fundação A LORD, em Lordelo, Paredes, a peça A Metade do Céu.

A peça é baseada num facto real: uma mulher que mata o filho à nascença. O drama de todas as mulheres será, também, da história de cada um de nós, das nossas forças e vontades, dos trajetos esquecidos. As promessas surgem céleres, fáceis e habitualmente mascaradas, de quando em vez, como boas intenções, a que cada Alzira se subjuga, placidamente, como termo de um trajeto, que começou muito lá atrás.

O texto é de Roberto Merino Mercado, que nasceu no ano de 1952, em Concepción, província do Chile. Depois do Golpe Militar no Chile, exilou-se no estrangeiro. Inicialmente, na então República Federal Alemã (RFA) e, a partir de 1975, na cidade do Porto (Portugal). Como dramaturgo e encenador profissional, trabalhou no TEP, no Seiva Trupe, no Teatro Art'Imagem, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (UP) e na Faculdade de Direito da UP.

Contamos com muitos amigos na divulgação do evento, o que resultou numa bela plateia e num resultado de 1.095,00 EUROS de ajuda ao Calvário, fruto da generosidade dos que aceitaram o frio dessa noite e o desafio de se deixarem tocar por um texto, até então desconhecido para a maioria, mas tocante e perturbador. O dedo a apontar para nós tendo a Alzira de costas, a chorar abundantemente, é uma eloquência.

A encenação coube a Fernando Costa e a representação a um grupo de amigos de longa data que foi bom acolher e recordar.

No final ofereceram-nos a boca de cena para umas palavras. Dissemos, justamente, que a Obra do Pai Américo serviu e serve para sarar muitas dessas ferias abertas pelo tempo e pelas falsas ilusões.

Deixamos aqui escrita uma palavra de agradecimento a todos os que tornaram esta noite possível e pela sua generosidade fazem da esperança um lugar de salvação (Carta aos Romanos 8,24).

Padre José Alfredo