
CALVÁRIO
E junto à cruz de Jesus estava sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena. Ora, Jesus, vendo ali sua mãe e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse à sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.
Evangelho de João 19, 25-27
Há poucas semanas, e prevendo para breve a reabertura do Calvário, acolhemos em casa a Adelaide e o Ricky, bem como a Maria de Jesus, esta última para uma experiência de voluntariado entre nós e connosco.
Todos sentem o Calvário como um lugar vivo e para quem vive, apesar das limitações e dores de cada um. A presença da Adelaide para, agora, ser cuidada no parkinson avassalador que toma conta da sua beleza e energia de outrora, é um imperativo moral dirigido a quem, durante tantos anos, cuidou dos mais indefesos nestes mesmos espaços e passos.
De recordar que, no momento em que escrevo, nos preparamos para celebrar a memória da instituição da eucaristia, também aquela memória da páscoa judaica e prefiguração do banquete nupcial para a eternidade. Daqui a pouco no espigueiro repetiremos as mesmas palavras de Jesus na noite em que foi entregue por um dos amigos escolhidos. E a partir daqui acontece tudo o resto. A oração e a traição, a prisão e a condenação, a morte e a sepultura e, finalmente, o silêncio e a ressurreição. Tudo acontece e nada fica fora do amor de Deus. Para que se cumpram as escrituras, para que aprendamos a ler...
O Calvário é o lugar da mãe sem filhos e dos filhos que encontram nas estéreis a sua mãe. Dos irmãos sem família que têm Jesus como garante da fraternidade, porque deu a sua vida por todos. Por todos. Sem excluir ninguém.
Padre José Alfredo