CALVÁRIO

«Todo o regresso a Nazaré, é progresso social cristão», dizia Pai Américo. Em Nazaré encontramos os ecos do ambiente familiar. Deste modo, a que se oferece a oportunidade de voltar a sentir-se um filho/a querido/a, dá-se-lhe a possibilidade de recuperar o desejo de viver: sentir-se protegido, querido, cuidado, valorado... amado.

Aos doentes ou deficientes que entram no Calvário, teremos que fazer todo o possível para que seja uma experiência de regressar a Nazaré, voltar a sentir-se em casa... em família. Evidentemente, oferecendo-lhe as melhores condições de vida material, humana e espiritual - como fazem os Pais para seus filhos.

Por este motivo, não podemos deixar de insistir nesta dimensão vital da família e desde os gestos mais simples e quotidianos. E que, em muitos casos, são os próprios doentes que nos lembram.

A nossa Fatinha está cheia de saudades do Padre Fernando, todos os dias me pergunta quando regressará; o mesmo se passa quando falta o Padre Telmo - o mesmo se passará quando faltar eu... Ela recorda-nos que necessitamos de ter perto e presente a nossa família.

O nosso «Barito» está muito contente porque uma das nossas porcas pariu 4 bacorinhos... qualquer pessoa estaria lamentando-se e já estaria a pensar em sacrificar ou vender o animal. Ele nos recorda que criar é dar o melhor de nós mesmos e alegrarmo-nos com cada passo.

O nosso António, que regressou do hospital há um mês, está feliz porque a ferida que tinha na perna está a melhorar. Muitos se reclamariam todos os dias por estarem sentados numa cadeira de rodas. Ele recorda-nos que o mais importante é estar em casa para recuperarmos.

O nosso Paulo Sérgio vem da vacaria contente e diz-nos: «Hoje trabalhei muito». Seguramente alguns estariam dizendo que aquilo que fazemos é entretê-los, porque a palavra trabalho está unida a dinheiro... Ele ensina-nos que colaborar nas tarefa de Casa é um dos melhores modos de recompensar a nossa família.

E assim, cada um deles... Também eu, que sou o que menos faz de todos... apenas posso estar com eles, recordar-lhes que estou com eles... Porque a palavra família começa quando alguém toma a decisão de estar connosco indefinidamente.

Padre Rafael