
BENGUELA - VINDE VER!
O pão nosso de cada dia
Na Oração que rezamos em comunidade todos os dias a hora do terço e na Eucaristia, pedimos ao Pai Nosso que está no Céu essa graça de saciar a fome de pão na terra enquanto peregrinos da esperança de vir a tomar parte do banquete nas bodas eternas, quando chegar aquela hora de aceitar o convite, "vinde benditos de meu Pai, recebei como herança o reino que vos esta preparado desde a criação do mundo". O pão é fruto do trabalho, como bem recitamos no momento em que elevamos os nossos corações a Deus erguendo os frutos colhidos da terra apresentados sobre o altar do sacrifício. "Bendito sejais Senhor Deus do universo pelo pão e pelo vinho que recebemos da vossa bondade frutos da terra da videira e do trabalho do homem". Como Casa de família que somos, o trabalho é fonte de benefícios. Serve para educar, instruir e colaborar no progresso social. É um instrumento favorável para testemunhar o serviço prestado à comunidade humana. É um acto digno de afirmação e presença no seio da família. Os mais novos têm a sua ocupação adequada à idade cronológica e mental. Os rapazes maiores têm ocupações e responsabilidades maiores também como convém, estabelecer a correspondência entre maturidade e consciência e as duas juntas sinalizam a fase de atribuição de maiores responsabilidades. Acabo de entregar quatro processos para preencher vagas de emprego a favor dos nossos rapazes já em idade da sua autonomia para o autogoverno. Outros quatro já lá andam na fábrica. Ganham o seu pão e bem sabe, por vir do suor e sacrifícios próprios. Estou a preparar outros sete processos para seguirem para a mesma empresa. Os que lá andam dão "boa cartada". Disse-me o patrão. Que bom encontrar espaço na vida social para o enquadramento dos nossos jovens. Confirme sempre o nosso Bom Deus a Sua presença em nossas vidas para a porta de saída da nossa Casa para os nossos rapazes seja sempre pela via da empregabilidade que assegura e facilita a sua integração na vida social activa. Os que fazem dezasseis anos vão ingressar nas nossas oficinas para começarem a sua preparação para o mundo do trabalho. É preciso disciplina, obediência, responsabilidade, assiduidade, espírito de sacrifício, docilidade, honestidade e tudo mais que acrescenta prestígio no local de trabalho. E quando um rapaz deixa a Casa para começar no sistema de autogoverno deve levar na sua mala de viagem bem carregada todos estes princípios humanos e cristãos. Sem deixar para outra viagem a ética, o profissionalismo e muito humanismo a transbordar em boa medida a ser aplicada aos outros.
Tudo quanto temos e somos é para dar aos pobres, aos pequeninos. Aos mais desprezados da sociedade. Tudo é para todos e todos sois vós. Com a inserção no mundo do trabalho para os jovens da nossa Casa renasce a certeza de que os meninos perdidos nas ruas em breve terão um lugar à mesa, com o caldo quente, com cama e roupa limpa para dormir com dignidade, família e amor, pão de cada dia, escola para aprender a ciência, as oficinas para aprender a trabalhar e Igreja aberta para rezar, agradecer e bendizer o Nosso Deus. Continuamos a contar com todos os nossos amigos e benfeitores que de longe e de perto seguem firmes de mãos dadas às nossas pela causa dos mais necessitados. No amor está o resumo de todas as virtudes. No trabalho temos a grata ocasião para expressarmos o amor pelos nossos irmãos. A conclusão é de Pai Américo «Dá-me uma vaga na tua copa, a um destes pequeninos, irmão dos teus filhos; procura nele traços do Nazareno que tanto melhor os encontras quanto mais desgraçado ele for. Tens a página às tuas ordens; escreve nela o verbo amar – hoje».
Padre Quim