
BENGUELA - VINDE VER!
No Natal é assim mesmo
Andamos a preparar a festa de Natal em nossa Casa. Há cânticos por toda a aldeia na voz dos rapazes, muita alegria nas horas que antecedem a festa do nascimento do Menino Jesus. Durante o mês de Novembro fez-se o programa de actividades que têm sido postas em prática. Os ensaios de cânticos, o concurso de montagem do melhor presépio nas salas das casas e no refeitório, os enfeites e embelezamentos em geral no salão e no cruzeiro, os cozinheiros e a logística toda para proporcionar um Natal mais próximo ao vivido tradicionalmente com convém sempre em época natalícia. As prendas, também é de costume cada rapaz receber uma lembrança nesta ocasião. Os mais pequeninos e o grupo coral já foram tirar as medidas na sala de corte e costura. O «Suculeta» foi á feira (praça) comprar duas peças de pano para fazer o traje africano. Vamos ter grupo coral com distinção de indumentária costurada em nossa casa pelos rapazes. O «Armando» outro dia andava de calças largas em boca-de-sino, e perguntei donde lhe vieram as mesmas? Fui eu que as fiz na alfaiataria. Eis a suprema liberdade, para escolher e fazer o bem. O rapaz é criativo, tem as máquinas eléctricas para costurar, tem restos de tecido e cria a sua marca. A roupa que usa é feita por ele. Aprendeu a costurar lá fora, voltou para a casa montou a sala nova de corte e costura com máquinas industriais, faltando apenas a de fazer bordados. Confiamos na generosidade das pessoas de boa vontade esta tarefa de podermos dar de prenda aos nossos costureiros este material que tanta falta lhes está a fazer para pôr sobretudo os logótipos. Assim a grande obra que tiveram foi a feitura dos uniformes da nossa escola. As cortinas do refeitório vieram também da arte dos nossos alfaiates. Já vamos ter nesta festa de Natal uma sala de jantar mais aconchegante e reservada. Para a ceia de Natal contamos com 23 quilos de bacalhau que nos enviou de Paço de sousa o nosso caro Padre Júlio. 70 Quilos de batata para dar um bom prato a cada um dos nossos 150 rapazes e mais um ou outro que neste dia se junta á nossa grande família. Gaiatos antigos, ou seus familiares que participam da Santa missa, na noite de Natal. O chefe maioral vai à cave com o grupo indicado para preparar os brinquedos que servirão de prenda para os mais pequeninos. A liturgia segue também com a preparação que lhe é devida. Nesta manhã entrei na despensa, e o «René» chefe da dispensa disse que faltava açúcar e óleo para fazer os bolos. Subi pensativo as escadas do escritório para escrever estas notas e enviar para Paço de Sousa para constar no Jornal "O Gaiato" desta quinzena, enquanto escrevia pensava na aflição do nosso despenseiro; não temos açúcar nem óleo! A meio da manhã para um carro em frente ao refeitório. Bom dia, bom dia, quero falar com o Padre. Muito bem, faça favor de entrar. Então o que trás o senhor até a Casa do Gaiato? Venho trazer uma oferta para os seus meninos. Abriu a porta do carro, lá estava o saco de açúcar, a caixa de óleo, e outros géneros. Meu Deus, Meu Deus, sempre estás connosco! Na abundância e na penúria. Obrigado, Pai do Céu! Obrigado corações generosos de tantos homens e mulheres de longe e de perto que estão sempre connosco nesta caminhada providencial. Este é para mim o Natal da Divina Providencia.
A Conclusão é de Pai Américo; «No Natal damos consoada. Na ante-véspera do Natal deixamos em cada casa uma garrafa de azeite, cinco quilos de batatas, dois quilos de bacalhau, um quilo de macarrão e 50$00 em dinheiro, a ver se damos conta do saldo que há em conta…; mas não há meio. Quanto mais damos, mais Deus faz aparecer. Quase todos os nossos pobres têm colchões que a gente comprou e levou a casa».
Padre Quim