BENGUELA - VINDE VER!

Fraternidade sacerdotal

Deus é Nosso PAI! Desta certeza nasce a necessidade da construção da verdadeira fraternidade. Recordamos o dia feliz do compromisso que assumimos no acto do nosso Baptismo, e começamos a tomar parte no desta grande família dos filhos de Deus. E mais tarde pelo chamamento a uma vida de serviço aos irmãos fomos chamados por Deus e admitidos pela Mãe Igreja a tomar parte no sacramento da Ordem Instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo no momento derradeiro da sua missão na terra.

Escrevo estas notas desde Portugal, no primeiro andar da «Domus Carmeli», casa de retiro que fica mesmo diante do Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Que grande graça! Sob o olhar da Mãe Santíssima, encontram-se os padres da Obra da Rua reunidos para rezar e pedir a Nossa Senhora para que continue a interceder pela grande família do Gaiato, do Calvário de Beire, e pelos pobres que comungam o mesmo itinerário connosco.

Retiramo-nos para nos encontrarmos com Deus, e com os irmãos de longe de Malanje e Benguela, de Paço de Sousa e de Coimbra, de Setúbal ao Calvário. Somos uma grande família! Pai Américo segue adiante! Os padres seguem as suas pegadas. Aquelas que Jesus ao descer do monte compadeceu-se das multidões que andavam como ovelhas sem pastor. Assim as crianças desprotegidas, assim os nossos pobres, acolhidos, amparados e orientados para descobrir o caminho que leva á salvação.

Pai Américo abandonando as coisas do mundo, escutou a voz de Deus no íntimo do seu coração. Ao descer às ruas onde estavam os pobres ouviu o grito de aflição das ovelhas que andavam perdidas e deu-lhes a mão. Levantou-os, e deu-lhes dignidade. Toda a sua vida foi uma resposta de caridade para com os mais desprezados da sociedade. Deixou-nos uma Obra de elevada responsabilidade para com os pobres, seus predilectos! Deixou-nos o seu exemplo!

No retiro estamos a reflectir e meditar sobre o pobre! Aquele irmão ou aquela irmã, que não tem nada nem ninguém para o ajudar a viver! E caminha errante pelas ruas, sozinho, perdido, desprotegido, maltratado, acusado, desprezado. Pai Américo fazendo-se pobre para os pobres é para nós os Padres da Obra da Rua o modelo de imitação. Alias não se pode entender a vida de Pai Américo e a nossa Obra sem ter no centro das atenções o pobre! Para nós o pobre tem valor. Tem casa, tem pão, tem protecção, tem nome, voz e vez! O pobre para os padres da Rua é e sempre será o seu amor preferencial. O seu ponto de partida e o seu ponto de chegada. Tudo para os pobres dentro de uma Obra de pobres para os pobres e pelos pobres. Pai Américo dizia somos uma palavra nova. Somos a janela aonde os pobres possam conhecer o amor de Deus e a sua preferência pelos mais necessitados.

Estamos nestes dias a viver momentos de grande comunhão entre todos os padres. Cada um nós traz no coração todos os rapazes das Casas que dirigimos, seus nomes, suas alegrias e tristezas, as suas ansiedades, sonhos e desilusões, expectativas e preocupações de hora em hora. As grandes, grandes aflições em contextos muito conturbados dos nossos tempos. Aqui estamos com alegria para continuar a servir os pobres na Obra da Rua. Para nós os padres da Rua, a nossa felicidade consiste em viver com os pobres e servir, todo o dia e os dias todos da nossa existência. Ainda agora ao escrever para o jornal oiço a voz de um ou outro padre-Pai exercendo por amor esta nobre missão a telefonar para desde longe orientar e conduzir a vida em cada uma das nossa Casas do Gaiato. No meu telemóvel encontro mensagens dos rapazes sobre o andamento da vida em família na minha ausência física. Mas estão sempre comigo no meu coração, eles sabem destas verdades! É tudo dom de Deus!

Aqui, ouvindo a voz dos peregrinos de Fátima, nos encontramos os padres mais velhos da Obra, os mais novos, auxiliando os mais velhos. Rezamos juntos, tomamos as refeições em clima de família, partilhamos as nossas expectativas e preocupações. Somos uma família sacerdotal criada por Pai Américo. Em breve vamos escolher o Orientador da Obra da Rua, que o Nosso Bom Deus nos ilumine e nos acompanhe neste momento muito importante para o futuro da nossa grande Obra. Que a Mãe de Fátima nos cubra com o seu manto de ternura! A conclusão é de Pai Américo «não são as coisas que se sabem dos homens de Deus, que os levam á gloria dos altares. O melhor não se sabe. Eles não o disseram. Por isso é que por muito que os autores digam, são sempre incompletas as vidas dos Santos».

Padre Quim