
BENGUELA-VINDE VER!
Educação
Na Casa do Gaiato a educação através da escola é um ponto importante na valorização dos talentos que cada um dos rapazes traz consigo. Hoje recebemos a visita de dois senhores que vieram pedir para trazer um menino em nossa Casa. Aproveitamos para dar a conhecer o projecto educativo da Casa do Gaiato. Somos a família dos filhos que foram abandonados e vivem desorientados nos caminhos tortuosos da rua. Aqui temos uma família numerosa de irmãos. Os maiores cuidam e orientam os mais novos. O padre é o pai, os rapazes não são alunos, muito menos aprendizes de uma só determinada profissão. Os rapazes são filhos e por isso o pai é de todos, e é desta paternidade que procede a irmandade. O rapaz vai à escola muitas vezes sem ter consciência daquilo que vai lá fazer. Nós sabemos o valor e o significado da sua ida à escola. Ele vai e eu espero que aprenda as competências para que no futuro possa responder positivamente aos desafios da vida social. Tudo começa na Casa do Gaiato e segue pela vida a fora. Temos a alegria de experimentar o amadurecimento de vários rapazes, que se afirmam no sentido da sua autonomia, liberdade, e responsabilidade. Quando chega a hora, bato à porta e convido para assumir um sector de grande responsabilidade na vida Casa. Escola, oficina, catequese, desporto, agricultura, pecuária e tantas outras ocupações que consomem a nossa vida. A saúde é um sector muito importante, sem ela não podemos desempenhar as outras tarefas. Temos na nossa Casa a participação pronta, generosa e afável do nosso Celestino Eduardo que tendo terminado o seu curso médio em enfermagem é o responsável pelo cuidado da saúde dos seus irmãos maiores e menores. Temos três candidatos ao curso médio de enfermagem. Queira Deus que venham a seguir as pegadas do Celestino. Temos cinco rapazes para matricular em vários cursos do ensino médio em Instituições da cidade. Outros seis rapazes aguardam por um lugar nas universidades de Benguela. Direito, gestão de empresas, estão entre os cursos escolhidos. Confiamos na Divina Providência e nos homens e mulheres de boa vontade o acesso com a isenção do pagamento das propinas. Não temos capacidade financeira para suportar tão grande despesa com a escola. Estamos confiantes, irão ser recebidos certamente para continuar a sua formação.
Não temos dinheiro mas temos sonhos que queremos concretizar. Hei-de levá-los até à concretização dos seus sonhos. Deus vai ajudar e Pai Américo vai interceder sempre por cada um dos seus filhos. A conclusão é de Pai Américo. «É pelas Obras de Caridade que os homens conhecem e se apercebem da existência de Deus. Caridade que não seja uma palavra vã, nem seja uma caricatura, muito menos uma pintura. Muito menos, ainda, a maneira como o mundo mentiroso costuma aplicá-la e apresentá-la».
Padre Quim