
BENGUELA — VINDE VER!
Solidariedade
Existem valores tão caros em termos de significado na vida dos homens que nunca devem ser esquecidos enquanto houver caridade, esperança e fé. Em tempos de grandes dificuldades impõe-se a urgência de recrear um novo estado de vida normal que sirva de prevenção à saúde física, social, ecológica, espiritual e mental. O esforço por trazer de volta o que era normal antes da pandemia pode não ser opção inteligente e próspera. É de todo importante em todas fases da vida a prática de obras de "bem fazer" que apelidaram homens e mulheres de longe e de perto como - benfeitores das indigências e das causas alheias. O exemplo também já é muito bem conhecido na sagrada escritura - o bom samaritano. Parou o curso da sua viagem, olhou para o homem caído, incapaz de se erguer por si mesmo, levantou-o do chão, levou-o para os serviços de assistência com urgência, e comprometeu-se a pagar tudo o que vier o "homem de pouca sorte" a gastar.
O mundo precisa de cada vez mais destes exemplos tão humanos quanto a sua própria natureza. É hora de acudir à situação de milhões de pessoas que vivem no limiar da pobreza, sem qualquer acesso a água potável, a uma alimentação saudável, a assistência médica e outros tantos serviços que lhes são recusados pela sociedade. É hora de parar a viagem e pelo menos olhar para a criança abandonada à sua sorte e desventura. É hora de nascer no coração dos homens grandes desta nação o compromisso pela causa dos mais necessitados de pão e amor. Paz só será realmente verdadeira quando na casa do pobre não mais vier a faltar pão e segurança. A solidariedade é também uma irmã muito próxima e chegada da irmã paz. É hora de criar espaço para uma verdadeira e saudável convivência entre os irmãos, onde o bem-comum possa ter maior expressão em termos reais e sustentáveis do ponto de vista da promoção do bem-estar pessoal e comunitário. Devendo este último assumir sempre o primeiro lugar. É hora de criar condições humanas, sociais que suportem algum nível de qualidade de vida para todos.
Já são visíveis alguns sinais concretos de solidariedade, feitos de maneira isolada e intermitente. Tudo tem um começo e o mais importante é começar. A cultura da solidariedade não deve mais ser adiada para o dia seguinte. O modus vivendi do nosso povo deve incluir a preocupação pelo outro, sobretudo o outro em situação de carências e em risco de sobrevivência.
A esperança é tudo! É ela que nos ajuda a ver um pouco mais além com confiança em dias melhores. É a esperança que nos permite atrevidamente espreitar através da janela da nossa fé o dia de amanhã.
Nos dias de hoje é necessário dar prioridade as pessoas e aos projectos que promovem o ser humano. É mais urgente a construção da solidariedade entre as pessoas que construir prédios caros onde o pobre não é achado nem tido. As pessoas valem mais quando valorizam e promovem as outras pessoas imitando os gestos e atitudes do bom samaritano. A conclusão é de Pai Américo «Nós somos todos feitos de amor, para amar. Cada um de nós é um milagre de amor, do Amor infinito de Deus; e uma vez dentro da vida, temos de a realizar... amando. [...] Porque somos essencialmente feitos para amar, como os passarinhos o são para o firmamento e as abelhas para o mel. [...] Todo o valor moral da nossa vida gira à roda deste verbo pequenino e imenso, o verbo amar, no infinito... infinitamente.»
Padre Quim