BENGUELA - VINDE VER!

Presente de Natal

O Menino Jesus nasceu em Belém do coração de cada um dos homens e mulheres que o esperaram pacientemente, ao mesmo tempo em que esta mesma espera alegre proporcionava condições para preparar as disposições necessárias para o seu acolhimento. Neste tempo de pandemia também Jesus veio nascer outra vez e montar a sua tenda no meio do acampamento onde habita o amor, a alegria, a paz, o perdão, a fraternidade, a solidariedade, a hospitalidade e todos os bens e valores que elevam a alma para Deus no encontro que estabelece com cada um dos seus irmãos de caminhada nesta peregrinação existencial.

Nesse Natal, apesar da crise financeira generalizada e com maior pendor para as famílias mais pobres, devido ao alto custo quanto à aquisição dos bens de primeira necessidade, procuramos conservar com fidelidade a tradição da vivência natalícia. É verdade que neste Natal não houve bacalhau para o cozido habitual, mas a criatividade do pessoal das compras e da cozinha não deixaram faltar um bom peixe seco e salgado cá da zona, que media quase um metro de comprimento. As couves e a batata já há muito que são produtos vindos do nosso campo.

Os amigos da cidade e dos arredores de Benguela não se esqueceram da rapaziada. Vieram ter à nossa porta com mimos de Natal. O Jota Jota com alimentos, o Kero com os carrinhos de brinquedo para os mais pequeninos e bolas de futebol para os maiores. As Irmãs de várias congregações também estiveram cada qual com o que tinha à disposição. Veio a Irmã Elisa das do Santíssimo com um prato cheio de uvas. É sempre uma delícia. É assim no Natal e é assim na Páscoa sempre nestas festas as uvas estão bem madurinhas. E no mesmo dia de Natal um almoço confeccionado de modo comparticipado - de um lado os rapazes e a Mana Tita e do outro lado as jovens estagiárias de psicologia na nossa escola, vindas da Universidade Piaget de Benguela. O tacho foi maior neste dia (cachupa) - milho partido mais feijão, carnes e legumes. O sabor só mesmo provando.

Houve prendas e lanche à meia noite - depois do cantar do galo. Houve fogueira em frente ao cruzeiro e música querida à moda dos garotos, danças engraçadas, que se pareciam mais com uma peça de teatro, tão bem executado. Houve muita alegria!

O nosso grande amigo, o sr. Rebelo, ofereceu-nos como prenda de Natal duas éguas e um cavalo. «Flica» é uma égua de três anos e está enorme. Chegou à nossa Casa do Gaiato de Benguela na véspera do Natal e desde então tem sido o encanto dos rapazes. Os mais pequeninos não tiram o olhar do estábulo. Nas próximas semanas vai chegar o «Osiris» que é um cavalo muito maior que a «Flica». Em breve alguns dos nossos aprenderão a cavalgar. O «Venâncio» é o encarregado de dar a ração e o banho. O Natal é assim! Também traz consigo surpresas bem agradáveis, apesar da pandemia. A maior de todas é o Nascimento de Jesus numa altura em que a cidade não tinha mais lugar para O acolher. E foi nascer numa manjedoura. Os homens não sabiam que Ele vinha dar paz e amor! A conclusão é de Pai Américo «Quanto mais damos, mais Deus faz aparecer».

Padre Quim