BENGUELA - VINDE VER!

Subir a montanha

A história da humanidade apresenta-se em várias fases do seu percurso com Caminhos que são percorridos e nem sempre de forma linear. No seu desenrolar, há montanhas que exigem maior esforço para se ultrapassar, vales e colinas, precipício à vista, mas também prados verdejantes e nascentes de água limpa e fresca para matar a sede ao caminheiro desconhecido. No processo de educação a exigência, a disciplina e a determinação são importantes para o estabelecimento das bases onde toda a construção do edifício humano poderá assentar-se com segurança. A imagem da montanha na nossa vida tem um sabor agradável quanto ainda não estamos a subir e depois de descer do alto. Enquanto dura a subida é preciso tomar atenção para não recuar e claro, força para continuar a seguir para a frente. Os nossos rapazes chegaram ao fim do ano lectivo com experiências diferentes; o sabor da colheita abundante para os que terminaram o curso médio em saúde «Dario Mateus» e «Emanuel Salvador» e o Curso Superior «Celestino Eduardo» em ciências da saúde, Enfermagem, e o «Bernardo, Manucho» o curso de Psicologia Clinica e da Saúde. Outros continuam à espera dos resultados dos exames de recurso para vermos em que pé ficam. Também tivemos alguns casos de reprovação. A estes últimos ficou já o apelo para alterar a sua situação no próximo ano e enquanto decorrem as férias escolares terão sessões de reforço a nível de estudo individual e trabalho no campo agrícola. Vamos subir a montanha juntos lado a lado. Não posso carregar nas costas quem tendo dois pés, e já mostrou que pode andar por si próprio em outras ocasiões. Vai começar também a corrida pela procura de novos ingressos para os nossos rapazes que terminaram o 9º ano e irão para os Institutos médios de Benguela e para os que pretendem ingressar na Universidade. Na mesinha do escritório estão dezenas de pedidos de emprego à espera de seguir para as mãos das entidades empregadoras. Não está fácil arranjar trabalho para tantos jovens que nos solicitam, os de Casa com maior prioridade e os de fora a seguir. Vamos bater a várias portas em busca de soluções conjuntas. Que elas não se fechem por terem preferências a outros vindos de estratos sociais de outra relevância. São todos filhos da mesma nação. Que a Divina providência continue a acompanhar o nosso caminho de peregrinos de uma Pátria, que às vezes nos parece também estrangeira e clamorosa ao apelo da nossa saída pelo próprio pé. Caminhamos em busca de outra terra onde corre leite e mel e seguramente não nesta na perspectiva terrena. A nossa pátria está no Céu. Vivendo ainda na esperança de um dia podermos vir a alcançá-la. Enquanto isto aguardam-nos trabalhos e canseiras. O outro mais pobre é o nosso mais próximo. Vamos juntos subir a montanha da luta e do trabalho pelo outro para vislumbrar no horizonte um Reino novo. De paz e de justiça. A conclusão é de Pai Américo «O gaiato da Rua! Nada no mundo mais espontâneo nem mais original. Ele é rei. Não governa, impera; não possui, domina. Onde quer que se encontre, o Gaiato está no perfeito à-vontade de sua casa. Foge em demanda de ninhos, lança no espaço bolas de sabão e o som estridente de assobios que ele faz, aterra os ouvidos do pobre viandante. Ai!, que se tu conhecesses de perto a beleza descuidada do gaiato, havias de fazer sangue nos pés, a correr atrás dele, somente para lhe poderes chamar teu. Rei por toda a parte.»

Padre Quim