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Educar

A educação é um processo abrangente e exigente. Ao educando pede disciplina e organização como requisitos para arrancar com a árdua tarefa de moldar o homem para a vida social. É um acto que auxilia a Preparação das condições para a boa convivência. Para criar o espaço de fraternidade. Assim, a começar pela casa familiar marcada pela interiorização das normas e princípios estimados pelos seus membros, a criança adapta-se a um padrão de vida diferencial aos demais existentes na sociedade. Ao educador espera-se um conjunto de virtudes auxiliares ao seu profissionalismo, humanismo e ética. E para os tempos actuais surgem outras exigências surpreendentes à tarefa do educador vindas através das redes sociais de difusão massiva e atractiva para crianças, adolescentes e os jovens, quer no ambiente educativo e fora dele através de um aparelho digital abrem a seu belo prazer as páginas actualizadas de outras realidades e contextos culturais, com conteúdos nem sempre adequados e por isso pouco conducentes para contribuir positivamente no processo educativo. Ensinar é um aspecto importante no acto de educar mas não é o único. Ela é um conjunto de procedimentos que participam na edificação da estrutura humana aberta ao projecto de crescer, progredir, transformar, e elevar-se à dignidade que lhe é conferida.

A entrada de rapazes novos se apresenta como um autêntico desafio educativo. Estamos diante de uma criança ou adolescente que não é mais como uma folha sem qualquer escrita. É uma acção de reconstrução da escrita impressa na mentalidade do nosso hóspede. Mais fácil é construir nestes casos, que reconstruir em matéria de educação de menores vindos da rua. Ela é a escola de agregação de conteúdos destrutivos à saúde mental. É o ambiente destruidor da inocência da criança, cujos mestres são: o roubo, a violência, a droga, que termina na miséria, na discriminação e marginalização. É preciso começar por refazer as políticas no sector social. Não temos capacidade para acolher a todas as crianças e adolescentes que nos solicitam todos os dias. Algumas fogem de casa dos pais, e atiram-se desesperadas para a vida incerta da rua. Outras vão à rua mendigar para levar a casa o que recebeu do seu peditório. Até aqui, em nossa Casa, temos recebido crianças que vêm pedir a mando dos pais que estão doentes ou que foram pedir a outros lugares. Estas crianças perdem a oportunidade de frequentar a escola porque têm de correr atrás do pão para matar a fome. E adiado fica o seu futuro. A criança é o futuro do País. É dito pelos discursos em todo o mês de Junho. E, como dizia o nosso pastor das ovelhas na fazenda, agora já reformado, quando se lhe perguntava: Ó Auxilio, quantas ovelhas temos no rebanho? E ele respondia: na teoria ou na prática? Pois é Auxilio, tinhas razão naquela altura. Queria ele dizer 73 na teoria e na prática 42. E nós não sabíamos o que teria acontecido com as outras ovelhas. A diferença é grande entre as existentes na teoria e as que constam na prática. Voltemos ao assunto segundo o qual a criança é o futuro do País. Que diga outra vez o pastor do nosso rebanho de ovelhas. Na teoria ou na prática? Quais crianças? Que futuro? Em que País? E a rua? A indiferença para com a criança necessitada? E a fome? E a desnutrição mental? Palavras-chave se estivéssemos a escrever uma dissertação sobre a temática. Vamos todos dar as mãos e unir os corações para continuarmos a levantar os caídos, para que os sem nada encontrem amparo, pão e amor, família e abraço fraterno. Ao terminar o dia nesta hora em que escrevo aproxima-se o momento de oração da noite e apraz rezar com os nossos leitores, amigos e benfeitores e em conclusão, a oração: «Deus Pai misericordioso, que concedestes ao Vosso Venerável servo Américo, sacerdote, o dom de partilhar a Vossa Paternidade e uma extraordinária luz para descobrir no Pobre abandonado o Vosso rosto, fazei que eu saiba, como ele, dar-me a todos os Homens. Dignai-Vos glorificar o Vosso Venerável servo Padre Américo e concedei-me, por sua intercessão, a graça que vos peço. Amen.»

Padre Quim