
BENGUELA - VINDE VER!
Mês da Criança
O mês de Junho, está a chegar ao fim. Para trás ficam as marcas das celebrações do Dia da Criança no primeiro de Junho e o Dia da Criança Africana no dezasseis de Junho.
Escrevo a partir do interior do Anfiteatro do Hospital Geral de Benguela. Na fila da frente estão contados cinco dos nossos rapazes que estão a participar da Assembleia Provincial da Criança. O convite veio da Direcção do Serviço Provincial do INAC (Instituto Nacional da Criança). O Lema da actividade é: "Todos unidos pela protecção e Desenvolvimento Integral da Criança".
O discurso de abertura foi proferido pelo Governador da Província.
Os nossos mais pequenos indicados para participar nesta actividade são: os gémeos, René e Rami; o Félix, o Manuel Chimbassi, acompanhados pelo Nando Boca, por ser o irmão mais velho que acompanha os mais novos. Na nossa Casa os rapazes maiores cuidam dos mais pequeninos. Somos uma família e é completamente normal que os irmãos tenham sobre as suas responsabilidades o cuidado pronto para com os mais novos. Muitas pessoas ficam admiradas e pasmadas com o nosso regime de vida. Não acreditam que um rapaz possa ser o responsável de grandes tarefas na nossa Casa. Não estão dentro do nosso modo de vida. É natural que tenham dificuldades em aceitar o nosso modo de educar segundo os princípios humanos, cristãos e cívicos, alinhados à máxima liberdade, regulada e equilibrada pela suprema responsabilidade, como dizia Pai Américo: Dentro dos nossos muros tudo vos é permitido, menos pecar. Aqui se resumem todos os códigos e manuais de educação para a cidadania e boa convivência. Outro dia apresentei o Marcelino, que é o responsável pelos rapazes da casa-Mãe e os senhores e as senhoras ficaram incrédulos. Disseram que em casa deles isso era uma coisa difícil de acontecer. Eu cá, compreendo que as dificuldades encontram-se em todas as famílias e centros de acolhimento educativos. Nós temos conseguido aos poucos alcançar bons resultados no crescimento e desenvolvimento da personalidade dos nossos rapazes no campo da responsabilidade. E qual é o método? É muito simples: Dando responsabilidades aos supostos irresponsáveis, até que cheguem a responder por aquilo que lhes é confiado. É grande desafio confiar, sobretudo confiar grandes responsabilidades a rapazes muito novos. Os senhores e as senhoras pensam que não sei que as coisas ao princípio vão ser difíceis? O rapaz entra em crise. É muita responsabilidade. É hora de pelo menos começar a lançar as mãos na massa, para que no futuro sejam edificados grandes feitos na sua vida autónoma.
Neste mês, também, fez-se o encerramento do ano lectivo no primeiro ciclo. Houve festa, cânticos e danças. Todos levaram um farnel. Bolinhos e pipocas feitos pelos nossos rapazes. Os doces e os sumos também fizeram parte do lanche. Nestes dias todos nós lembramos de como foi bom ter sido criança e de estar hoje a cuidar das crianças. É uma nobre missão. Amparar, cuidar, promover, e integrar a criança na vida social quando chegar a idade juvenil. A conclusão é de Pai Américo: "Todos os pequeninos habitantes que moram debaixo das nossas telhas, são enfermos da alma. Foi por uma maneira muito simples que eles contraíram estes males; andavam sós pelos caminhos.
Da mesma sorte aqui hão-de topar a cura: andar bem acompanhados. As ovelhas, as vacas, as flores, a beleza do campo e das matas, as estrelas no fundo negro dos céus são as companhias que os hão-de salvar. Estes elementos da natureza, usados e saboreados pelo pequenino das ruas, valem mais do que todos os tratados de pedagogia".
Padre Quim