
BENGUELA - VINDE VER!
Construção
A hora de escrever para o nosso Jornal, é uma hora sagrada, é sempre um momento sublime que eleva até às alturas, embora com os pés bem assentes na terra, para falar aos homens e mulheres do nosso tempo as maravilhosas Bênçãos que Deus na sua grandiosa bondade tem vindo a derramar na vida diária desta grande família que é a Obra da Rua, em cada uma das Casas do Gaiato, em cada um dos seus filhos, em cada um dos seus benfeitores e amigos. É uma grande responsabilidade. Aqui nestas duas faces do nosso Jornal, as letras carregam expressões vivas que descrevem a vida real de pessoas concretas, com nomes próprios, com uma história de vida única.
A expressão construção leva a compreender que existe uma obra de arte a ser edificada, meios apropriados para a edificação do edifício, um espaço adequado para tal fim e um artífice, cuja sabedoria é devedora da perfeita sabedoria que vem do alto dos Céus, das mãos do mais alto Arquitecto das maravilhosas obras da criação do universo - Deus.
Em nossa Casa as obras são permanentes. As de manutenção são mesmo diárias e outras são de raiz. O "njango" novo. Um lugar de grande respeito pelo seu peso histórico e cultural. Nas aldeias funcionava como funciona hoje os tribunais modernos. Os mais velhos dedicavam-se na resolução dos conflitos que surgiam no seio da comunidade e restabeleciam a ordem para a boa convivência entre todos. O nosso pequeno "areópago" cultural, foi edificado no meio da parte baixa no lugar onde os vizinhos depositavam o lixo. Hoje zona de grande cultivo. O forno a lenha, a nova vacaria ainda em andamento, a reabilitação da casa 2 de baixo, a ampliação do aquário do lado da cozinha. São muitas obras e poucos recursos financeiros para as concretizar para a prestação de um melhorado serviço de apoio à educação dos rapazes. Está ainda em sonho a capela no centro da Aldeia. O terreno já está marcado. Será mesmo por detrás do cruzeiro, centro da vida de toda aldeia.
As obras em nossa Casa representam a ideia segundo a qual, as estruturas quanto mais arranjadas forem, melhor será para os seus habitantes. Tudo é bom, quando Deus é a fonte de toda a bondade! A construção da qual nos ocupamos é fundamentalmente aquela que mais trabalho exige e maior dedicação. É a construção do edifício humano que nos está reservado como missão principal. A educação integral é confiada aos responsáveis das nossas comunidades. Primeiro o padre - qual servo de Deus, todo ao serviço dos irmãos. Só pelo serviço é que lhe é atribuído o primeiro lugar como responsável da edificação do edifício humano. A seguir vêm os professores, os mestres nas oficinas, no campo agrícola, na pecuária, no desporto, na catequese e em outros tantos artífices que connosco no dia-a-dia colocam os alicerces para a fazer do rapaz um homem bem edificado com fundamentos firmes para enfrentar os desafios do futuro. A conclusão é de Pai Américo «O que então se passa na minha alma é coisa inenarrável. Entro a desfalecer. Quero fugir. Mas isto dura pouco tempo. Deus tira-me o tino e dá-me a Sua loucura. Já não vejo nada; já não sinto nada. Os problemas de todos, e o meu também, ficam num instante resolvidos. "Homem de pouca fé, porque duvidas?!" Senhor de Misericórdia, não retireis jamais da minha inteligência a loucura do Divino! Seria um rasgo de audácia, se não fora antes um simples acto de fé. Meti ombros à obra sem dinheiro, sem equipamento, sem opinião. - Quê? Garotos da rua no meio de quintas, eles, o pior do mundo?! O padre está varrido. Sim, 'doido'. O Evangelho é loucura.»
Padre Quim