
BENGUELA
O valor do trabalho
O trabalho é um elemento muito importante no progresso da civilização humana. É trabalhando que se pode resolver inúmeros desafios que surgem ao longo do percurso histórico das sociedades. É preciso formação, motivação e compromisso com a causa abraçada. Esse processo deve dar início desde muito cedo na vida de uma comunidade. Na Casa do Gaiato cada um dos rapazes tem a alegria de levar a bom porto a tarefa que lhe está confiada. A vida da comunidade é dinamizada pela acção de cada um dos seus membros. A realização dos trabalhos ou a falta aos mesmos prejudica a vida comunitária. Outro dia os rapazes que trabalham na vacaria chegaram tarde para a ordenha, e isso fez com que o pequeno-almoço fosse serviço muito mais tarde. Todos fomos prejudicados por este atraso, que bem seria evitado se o bem-comum estive sempre em primeiro lugar. É pelo trabalho que se constrói o bem-comum.
Neste tempo de pandemia da covid-19, temos vindo a redescobrir o valor do trabalho. Quanto custa um pão arrancado com o suor do seu rosto? Começamos a valorizar mais a terra e o que nela é produzido. Hoje temos um grupo grande de rapazes que trabalham no campo. Têm sobre o seu cuidado dois hectares de milho, que à vista promete uma boa colheita. Estiveram algumas pessoas a tentar adiantar a compra do mesmo. Não, agora é cedo de mais. Não posso decidir sozinho. É fruto do trabalho de muita dedicação, e compromisso com o bem de todos. Um Engenheiro da "Fertiangola", faz o acompanhamento semanal e já manifestou a sua alegria e avançar com mais um campo se os rapazes continuarem com essa boa disposição. E vamos continuar, embora esteja a aproximar-se o arranque das aulas, que faz com que os rapazes não estejam a tempo integral. A agricultura exige tempo, dedicação, gosto, investimento.
Aproxima-se o tempo da colheita de alguns produtos no nosso campo. O tomate e a batata doce já estão a ser servidos na nossa dieta alimentar. Que bem sabe a sopa de batata doce. A alface e a cebola também já estão em tempo de vir para a despensa.
No tempo seco, os motores para rega são os que nos valem ouro. O verde do campo depende de quanto podem as moto-bombas. Temos ainda um sistema muito rudimentar de rega que acarreta vários prejuízos na condução da água até aos canteiros. Um outro sistema de rega modernizado ajudaria a evitar desperdícios neste sector. Os corações generosos certamente nos vão ajudar a encontrar uma saída para este caso. Por agora fica então a semente lançada à terra e para germinar um fio de água chegará lá se boa vontade houver da parte dos nossos pequenos agricultores e da ajuda dos nossos bons amigos. O nosso Padre Acílio da Casa do Gaiato de Setúbal, a quem desejamos muita saúde mostrou-se solidário em busca de resposta a essa possibilidade de arranjar um sistema novo para a rega dos nossos campos. Aguardamos por mais gestos generosos. A conclusão é de Pai Américo «Não há rapazes maus; mas é muito difícil torná-los homens bons, quando começamos tão tarde a conhecê-los. É no berço que se forma a criança, sobretudo crianças desta natureza.»
Padre Quim