BENGUELA

Quem somos? O que é a vida da nossa Casa do Gaiato? Uma pergunta feita por um estabelecimento público a clientes envolvidos na solução de problemas sociais. A Casa do Gaiato quer ser a casa de família dos filhos sem família. Os filhos abandonados são um problema social muito grave e doloroso. Nenhum coração, verdadeiramente humano, pode ficar indiferente e insensível, perante a situação destes filhos. Toda a criança nasce com o direito para ser um homem ou uma mulher na sociedade. Dentro deste espírito, a Casa do Gaiato é animada por este dinamismo, na sua missão educativa: "Fazer de cada rapaz um homem". Esta missão consome a nossa vida e a vida dos corações que se deixam apaixonar pelos filhos abandonados, acolhidos na Casa do Gaiato. Pai Américo, Fundador da Obra da Rua, com a primeira Casa do Gaiato, comunicou o seu Amor a Jesus Cristo pelo amor a estes filhos abandonados.

Estamos no tempo do Advento, na preparação dos nossos corações para a Festa do Natal. Hoje, segundo Domingo do Advento, celebramos a Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Os corações desta nossa grande Família, a Casa do Gaiato de Benguela, viveram com muita alegria esta Festa da Mãe. A dimensão religiosa, na formação humana destes filhos, é muito importante. É uma fonte de energia para o crescimento humano muito equilibrado. É necessária muita perseverança na luta contra as tentações de vária ordem que levam ao mal. Os actos da vida cristã, na história destes filhos em crescimento, são uma verdadeira fonte de apoio para a vitória do que é bom para o seu crescimento humano normal. Por isso, procuramos seguir o caminho das famílias cristãs na educação dos seus filhos. Somos, neste momento da nossa vida, uma família de cento e quinze (115) filhos, dos sete anos até uma idade avançada. Frequentam a escola e outras actividades, verdadeiramente educativas. Os tempos livres da escola, de acordo com as suas idades, são ocupados também em actividades nas várias oficinas. É uma preparação das suas vidas para o futuro. Há dias, foi o encerramento do ano escolar. As crianças dos bairros vizinhos, desde o início da nossa vida, aproveitam também este benefício da escola na nossa Casa do Gaiato. O Director escolar e os professores têm sido muito dedicados. Procuramos fazer tudo o que é possível para a promoção humana.

Vivemos das ajudas que nos dão, como um sinal do amor e do carinho que os corações têm para com a nossa Casa do Gaiato de Benguela. Há dias, um grupo de rapazes foi buscar algumas centenas de quilos de géneros alimentares oferecidos para a nossa alimentação. Foi uma ajuda maravilhosa que nos veio do banco alimentar. Os pobres desta zona são em número muito elevado. Batem-nos, com frequência, à porta do coração da nossa Casa do Gaiato, a pedir ajudas para as suas vidas individuais e familiares. Como sempre, temos procurado partilhar com eles. Deste modo, a nossa vida é segura nos corações generosos e alimenta a vida dos pobres. Temos recebido pedidos para acolhimento de mais filhos abandonados. Como disse, há momentos, é uma desgraça social. Não temos possibilidades, no momento presente. Aguardamos a colocação nos seus empregos e habitações dalguns rapazes mais velhos. Estão preparados. Este é um problema que muito nos aflige: o emprego para os rapazes devidamente preparados e as suas habitações fora da Casa do Gaiato. Deste modo, a saída dalguns tornaria possível o acolhimento doutros que vivem abandonados. Temos esperança. Vamos continuar a manter a segurança do futuro destes filhos com a doação das nossas vidas.

Padre Manuel António