BENGUELA
Chegou o tempo do calor. É o verão, nestas terras do sul de Angola.
Os nossos filhos, desde os mais pequeninos aos mais velhos, sentem uma atracção especial pelas águas do mar. Querem ir para a praia, com regularidade, nos dias em que estão livres. O Domingo, nesta fase do ano lectivo, é o tempo em que estão disponíveis. Por isso, a carrinha transporta-os, cheios de alegria, para tomarem banho na água do mar. É uma actividade que marca o ambiente familiar das suas vidas. Vamos, pois, continuar no mesmo ritmo de vida, enquanto o tempo permitir. Estamos, a nível escolar, num ambiente de exercícios que mostram o grau de preparação, nesta fase que vai a caminho do fim do ano lectivo. A escola constitui, sem dúvida, um sector prioritário da formação dos filhos da nossa querida Casa do Gaiato. Qual seria a sorte destes filhos, sem a Casa do Gaiato? Lixo humano, lançado ao abandono! Por isso, a Casa do Gaiato, como Casa de Família dos filhos sem família, é um tesouro social e humano. Muitos corações, felizmente, reconhecem este valor. Por isso, fazem tudo o que podem para dar as ajudas materiais necessárias, sem as quais não seria possível realizar este prodígio maravilhoso. Vamos continuar, com muita esperança, Há uma multidão de filhos abandonados com necessidade de serem acolhidos. Mas há falta de espaço físico. Eram necessárias mais Casas do Gaiato. Já temos partilhado convosco esta situação aflitiva. Faltam, porém, as vocações com disponibilidade para a entrega das suas vidas por amor.
Um problema social muito grave, a nível de adolescentes, jovens e, mais além, está relacionado com o uso da droga. Há grupos externos à Casa do Gaiato que aproveitam as condições dos terrenos vizinhos da nossa Casa para se drogarem. Vou, todos os dias, à busca desses drogados que fogem. É uma situação aflitiva. Não são filhos da nossa Casa do Gaiato. São, porém, um perigo. Vamos tentar, com a ajuda das autoridades, evitar os contágios. A nossa vida, como a vida de todos os educadores e pais de família tem que estar preparada para enfrentar este tipo de problemas que são graves. São contra a humanidade. A Casa do Gaiato está instalada numa zona cercada por Bairros populares. Todos os bons educadores e pais de família sentem os seus corações ocupados com este tipo de problemas. Vamos continuar a nossa acção educativa com muita esperança. Os filhos mais velhos, mais responsáveis, assumem, com muita coragem e perseverança o papel de irmãos responsáveis dos mais novos. Deste modo, levamos para a frente a luta contra estes males sociais.
Ontem, Domingo 13 de Outubro, tivemos a nossa Reunião dos Chefes da Comunidade da Casa do Gaiato. É, sem dúvida, um momento muito importante da nossa vida. Há, como é normal, situações boas e animadoras na vida desta nossa família. Há, também, momentos que necessitam de revisão para a cura dos males que os afectam. Este encontro regular, chamado Reunião dos Chefes da comunidade, tem um valor admirável. Traduz o princípio básico que Pai Américo colocou no alicerce da Casa do Gaiato: "Obra de Rapazes, Para Rapazes, Pelos Rapazes." Os Chefes que se reúnem, com regularidade, são uma ajuda para a realização deste princípio educativo básico. Na reunião que tivemos, foram detectadas falhas em alguns sectores da vida da Casa. Foram apresentadas propostas para as devidas correcções. Um momento importante foi a chamada da atenção para o comportamento irregular dalgum Chefe. Sem dúvida, a regularidade da vida dos filhos da Casa do Gaiato depende muito do bom comportamento dos seus Chefes. É algo de parecido com o que se passa na vida de família natural: o comportamento dos filhos mais velhos são um sinal mais positivo ou negativo. É uma linguagem simples que traduz a forma de vida educativa na Casa do Gaiato.
Os pobres continuam a bater à nossa porta, com muita frequência e abundância. Queremos que o amor aos nossos e vossos filhos Gaiatos irradie para ajudar os pobres. Necessitamos, contudo, da ajuda dos vossos corações generosos.
Padre Manuel António