BENGUELA
Hoje é Domingo. Como é habitual, tivemos a celebração da Eucaristia, com a presença de toda a família da nossa Casa do Gaiato de Benguela. Alguns membros doutras comunidades costumam participar também. É, sem dúvida, uma das horas muito queridas da nossa vida. O Pai do Céu vem ao nosso encontro com a Sua Palavra. É um foco de luz muito forte para encher os nossos corações. Temos, deste modo, um caminho seguro ao longo do nosso dia a dia. Neste Domingo, a Palavra de Deus apresentou-nos a posição dos ricos e dos pobres, perante o Reino de Deus, mediante a parábola do rico e do pobre.
Duas pessoas, segundo a parábola, ocupam o quadro. Uma é rica e não carece de nada: Banqueteava-se com esplendor, todos os dias. Junto a este homem, encontra-se um mendigo, miserável. A sua situação é gravemente necessitada. Faminto, coberto de chagas que os cães vêm lamber. Sem dúvida, o contraste entre a proximidade física das duas pessoas e a distância no seu estilo de vida é muito escandaloso. É a primeira cena que Jesus quer condenar, não há dúvida. A segunda cena passa-se, na outra Vida, depois da morte. Lázaro, o pobre, goza no Céu, enquanto o rico sofre no inferno. Não se trata duma compensação pela vida que levaram. É, sim, um prémio e um castigo. E o que se castiga no rico não é a abundância de bens que possui, mas a sua atitude desumana negando-se a socorrer o pobre. O rico fica condenado por ignorar a presença do pobre necessitado à sua porta. É necessário abrir o coração, ter um coração sincero que quer trabalhar com amor e com justiça. Sem esta disposição, nem os grandes milagres conseguem mudar o seu comportamento. A situação que a parábola nos descreve continua a existir, em nossos dias. É também verdade que não entraremos no Reino de Deus, sem pôr os bens dos ricos ao serviço dos mais pobres.
O muro para a protecção da nossa querida Casa do Gaiato de Benguela continua a caminhar e a crescer. É, sem dúvida, um dom maravilhoso que chegou, depois dalgumas dezenas de anos. Temos muita esperança nos seus frutos para o nosso bem comunitário. Todo o bem partilhado com os mais pobres e com os filhos abandonados é um fruto precioso da generosidade dos nossos benfeitores. Um dos problemas que afligem muito a nossa vida é a falta de emprego para os nossos filhos gaiatos, no momento necessário das suas vidas. O emprego é uma garantia da sua segurança social e permite a entrada de novos filhos abandonados na nossa Casa do Gaiato. Temos rapazes com a sua formação escolar, profissional e com a idade conveniente. Não podemos mandá-los para a rua, sem o emprego que lhes garante a habitação e a sua vida normal. Queremos vê-los mais felizes, no caminho normal das suas vidas. Não podemos desanimar. Vamos continuar com muita esperança na ajuda total das vossas vidas.
Padre Manuel António