BENGUELA
Uma das inquietações que afligiam, há muito tempo, a nossa vida, na Casa do Gaiato de Benguela, era a falta de segurança, sobretudo da parte dedicada à agricultura. É uma zona muito extensa e uma porta aberta para a entrada clandestina de pessoas estranhas na área habitada.
A construção do muro para a segurança vai começar, dentro de poucos dias. É, sem dúvida, uma manifestação de amor e carinho para com a nossa Casa do Gaiato de Benguela. Uma porção considerável do seu terreno está exposto, até este momento, à degradação provocada por gente estranha. O muro é, sem dúvida, um factor de segurança e tranquilidade para a vida da nossa Casa do Gaiato. É, sem dúvida, também, um gasto extraordinário de meios financeiros. O amor e o carinho dos corações generosos vão tornar possível esta obra. Confiamos. O nosso querido Padre Júlio, Director da Obra da Rua, vai à frente deste empreendimento. Graças à sua ajuda, o início dos trabalhos é, dentro de poucos dias. Os meios financeiros nascem nos corações do povo que ama a Casa do Gaiato de Benguela. Esperamos poder levar, até ao fim, este trabalho muito importante e necessário, com os nossos corações muito unidos pela força do amor. Daremos as notícias animadoras, à medida que as obras avançam.
O número de filhos abandonados, os filhos da rua, é muito grande. Para eles chega o momento em que se encontram sós, arruinados, com fome. Foi-lhes negada, desde o início das suas vidas, a fonte da sua felicidade que é o amor da mãe e do pai que os geraram. Foram abandonados. A verdadeira solução é o regresso à família que os enche de amor e carinho. Onde está a família que os gerou? Desapareceu. Estes filhos são vítimas inocentes do abandono familiar. Contudo, têm direito a uma casa de família, cujo ambiente os ajude a crescer para serem homens e mulheres dignos da sociedade. Pai Américo, fundador da primeira Casa do Gaiato, viveu o drama destes filhos. O seu coração de verdadeiro Pai dos filhos abandonados pôs este princípio no alicerce do trabalho educativo: «Fazer de cada rapaz um homem para viver com dignidade na vida social.» É, sem dúvida, um princípio básico da dimensão educativa na vida das Casas do Gaiato. Deste modo, querem ser Casas de Família, animadas pelo amor, dos filhos abandonados.
Todas as Instituições existentes que trabalham com este género de filhos devem dar todo o amor possível aos seus corações. A criança da rua, abandonada, tem direito ao amor de cada pessoa. Por isso, não deve ser desprezada, olhada com indiferença. Deve ser amada. Como? O coração generoso é bom e tem a resposta. As circunstâncias não são sempre iguais. Por isso, as respostas do amor devem ser muito generosas. A nossa Casa do Gaiato de Benguela, como todas as outras Casas do Gaiato, quer fazer de cada rapaz um homem válido, para viver com dignidade e respeito na sociedade. Este princípio anima a forma de educar e viver. São centenas de crianças que frequentam a nossa escola. Os pais destes filhos e filhas, residentes nas áreas vizinhas, encontram um apoio animador para a sua missão educadora. Os filhos da rua, a viver fora de todo o ambiente educativo, são uma grande preocupação social que deve ser assumida por cada membro da sociedade, conforme as suas possibilidades e visão. Já o temos afirmado e repetimos: Eram necessárias mais Casas, Casas de família para estes filhos abandonados. Faltam, porém, os corações humanos disponíveis para oferecerem as suas vidas por amor.
Padre Manuel António