BENGUELA

Domingo, 21 de Julho de 2019. Foi o dia de mais um encontro festivo dos filhos Gaiatos de Benguela, para celebrar a memória de Pai Américo. No dia 16 de Julho, toda a Obra da Rua celebra a sua partida deste mundo para o Céu. Neste ano, assim aconteceu. Porém, muitos dos rapazes que foram criados nesta nossa Casa do Gaiato de Benguela e vivem as suas vidas com autonomia, não puderam estar presentes. Por isso, a memória de Pai Américo pediu outra celebração. Aconteceu no dia 21, domingo passado. Foi, sem dúvida, um sinal de que a memória de Pai Américo está muito viva no coração dos filhos que passaram pela Casa do Gaiato.

No programa da Festa, a celebração da Eucaristia ocupa um lugar central. Pai Américo é um fruto do Amor celebrado na Eucaristia. Jesus Cristo ofereceu a Sua vida por Amor. Este Acontecimento é lembrado sempre que participamos na celebração da Eucaristia. Pai Américo foi e é um autêntico apaixonado por Jesus Cristo. O seu amor invadiu os corações dos mais pobres. Os filhos da rua, abandonados, estão no número dos mais pobres. Pai Américo dedicou-lhes todo o seu coração, até à morte. Por isso, estes filhos, dum modo especial, têm a lembrança de Pai Américo como os filhos muito queridos lembram os seus pais. As nossas Casas do Gaiato querem ser as Casas de Família destes filhos. Por isso, quando chega a hora de darem um passo decisivo nas suas vidas, ingressam na vida normal de todo o ser humano, com a sua vida autónoma. Deixam a Casa do Gaiato e levam o seu coração cheio do amor e da lembrança de Pai Américo. Por isso, quando há uma Festa alusiva a Pai Américo querem estar presentes. Foi exactamente o que aconteceu. A nossa Casa do Gaiato de Benguela ficou cheia com os filhos vindos para a celebração do dia de Pai Américo.

Ao apresentar as maravilhas operadas nos corações destes filhos abandonados, não significa que os maus comportamentos de alguns deixem de existir e surjam motivos que geram tristezas. Numa família natural acontecem estas realidades. Não podemos desanimar. É uma oportunidade maravilhosa para a explosão do amor verdadeiro. O remédio mais eficaz é, sem dúvida, a abertura do nosso coração ao exercício do amor e da paciência, confiando no bom resultado. Vamos, pois, com um coração de pais seguir este caminho. Não é em vão que uma vida é oferecida por amor. Dum modo especial, lembramos as crianças abandonadas. Nos corações desses filhos abandonados, dum modo especial, está viva uma vocação sublime dos corações paternais da família de sangue e doutros corações, à semelhança do Coração de Jesus que se entregou por todos, sem excepção. A compaixão é a qualidade magnífica dum coração verdadeiramente solidário.

Como está o meu coração? Como está o teu coração? A atitude perante os filhos abandonados, de comportamento difícil, que já não esperam nada de ninguém e, por isso, se encontram abatidos, a atitude a tomar é levar-lhes um bom ânimo. Para tal é preciso sair de mim mesmo, isto é, deixar os meus esquemas mentais já consumidos e sentir-nos solidários corajosamente.


Padre Manuel António