BENGUELA

Muito aflitos…

Hoje, Domingo, 7 de Julho de 2019, tivemos a reunião do grupo responsável de Rapazes da nossa Casa do Gaiato de Benguela. É um ponto importante no caminho da nossa vida ordinária. Pai Américo quis que a Casa do Gaiato, Obra da Rua, nascida no seu coração, fosse uma "Obra de Rapazes, para Rapazes, pelos Rapazes". O seu ideal é "fazer de cada rapaz um homem". Nesta missão sublime, o próprio rapaz tem o seu papel insubstituível. É, sem dúvida, um projecto maravilhoso, feito realidade, ao longo da história já vivida. E continua. Meninos da rua, filhos abandonados, feitos homens responsáveis e dignos duma sociedade normal, pela descoberta da beleza da sua dignidade, ao longo do seu crescimento, com a ajuda e o testemunho dos seus irmãos, companheiros que fizeram o mesmo caminho. Por isso, a Reunião com regularidade do grupo de chefes das nossas Casas do Gaiato é sempre muito importante, na medida em que torna sempre viva esta missão sublime de ajudar cada rapaz a ser um" homem". Houve um momento muito feliz: O Pinto Zacarias Soares comunicou a grande alegria de ter feito a prova final do seu curso universitário com muito bom resultado. É um exemplo admirável de como um filho abandonado, sem qualquer apoio digno familiar, se faz "homem", segundo o lema da Obra da Rua- Casa do Gaiato de Benguela e as outras Casas do Gaiato.

Vamos, pois continuar esta nossa missão, profundamente humana. Necessitamos, sem dúvida, da ajudar económica dos nossos benfeitores. Temos confiança na sua generosidade. Doutro modo não será possível salvar com dignidade as vidas familiares dum grupo numeroso de pessoas. Ao longo dos últimos anos passados, demos trabalho a um grupo numeroso de mães e pais que viviam na miséria. Foi, sem dúvida, uma forma providencial de terem o pão de cada dia. Uma nova lei do trabalho saiu, entretanto, nestes últimos tempos, abrangendo todo o género de trabalho, com um salário determinado. Nestas condições, não seria possível a recepção da quantidade de pessoas acolhidas, fora dos sectores principais e necessários. São algumas dezenas de trabalhadores. Não podemos dispensá-los, porque ficariam sem a subsistência familiar que já tinham antes de ser acolhidos. Acontece, porém, que ficamos muito aflitos para resolver este problema, por causa da dificuldade financeira. Esperamos, pois, com o coração de filhos, cheios de confiança, as ajudas, dentro das possibilidades, para que as mães que viviam na miséria possam manter-se com dignidade no seu lugar de trabalho.

Pai Américo está à porta. O dia 16 de Julho é consagrado à sua memória. Pai Américo continua muito vivo nos corações dos seus filhos que têm a sua morada nas Casas do Gaiato e em todos os que receberam o dom da sua vida. A nossa comunidade já começou a preparar o dia da sua memória. O amor que levou Pai Américo a dar a sua vida por estes filhos abandonados continua muito vivo. Que seja uma luz muito forte no caminho das nossas vidas, de tal modo que ofereçam por amor tudo o que podem.

Padre Manuel António