BENGUELA
O nosso coração deve estar muito sensível perante a injustiça social. Apresenta várias formas. Os filhos da rua, em quantidade impressionante pedem-nos muito amor. São vítimas inocentes, em parte importante, dos corações dos pais, manchados pelos vícios. A nossa querida Casa do Gaiato de Benguela, ao longo das várias dezenas de anos, tem sido a Casa de família dos filhos sem família, ou tendo-a é como se não a tivessem. A alimentação destes filhos é um acto de amor que mostra a vida dos nossos corações. Ontem, ao entrar no nosso refeitório, depois duma longa ausência, os meus olhos poisaram, felizes e impressionados pelas várias dezenas de filhos, sentados à mesa, a comer a sua refeição. O meu pensamento e o meu coração voaram para a multidão dos filhos abandonados que vivem esfomeados, vítimas inocentes de corações desumanos. Por isso, não fiquemos insensíveis perante as situações de injustiça em que vivem as crianças da rua, abandonadas. A partilha dos bens que possuímos com as Instituições de Assistência a estes filhos é um acto de justiça e de amor. Por isso, sinto grande alegria em partilhar convosco o fruto da vossa generosidade para com a nossa Casa do Gaiato de Benguela.
Outra dimensão muito importante, na vida destes e de todos os filhos, é a frequência escolar. O seu futuro humano com dignidade está dependente da frequência escolar. Por isso, todo o apoio às crianças, nesta dimensão da sua vida, é verdadeiramente indispensável. Na nossa Casa do Gaiato de Benguela procuramos fazer tudo o que pudermos para realizar este ideal. Deste modo, os nossos filhos têm os benefícios dos filhos das famílias normais. É um fruto precioso e insubstituível das ajudas económicas que nos são dadas, graças ao amor dos vossos corações. Que o coração de cada pessoa seja animado pelo amor verdadeiro. Queremos continuar a viver este ideal, possível graças à vossa ajuda económica e amorosa.
Os nossos corações devem ser muito sensíveis às situações de injustiça social, nos seus vários aspectos. Há dias, ao passar por um local, onde havia uma grande quantidade de casas, que mais pareciam barracas, ocupadas por famílias muito pobres, com os seus filhos, senti uma grande necessidade de ajudar se tivesse possibilidades. Há muitos irmãos que vivem em casas muito ricas. Quem dera que os seus corações não se esquecessem destas famílias em estado de miséria! Não faltarão oportunidades para lhes dar a mão auxiliadora. O mesmo princípio é válido em relação aos filhos. O nosso coração deve ser animado pelo dinamismo do Amor. Esta é uma oportunidade, oferecida com muito carinho, para fazermos a pergunta a nós mesmos: Tenho, na verdade, o Amor como referência do meu viver diário? Vamos responder com muita coragem e sinceridade.
Padre Manuel António