BENGUELA

Celebrámos o Domingo de Ramos. Nesta manhã, todos os filhos da nossa Casa do Gaiato de Benguela, com seus ramos nas mãos, fomos, em procissão, para a Igreja do Mosteiro Mãe de Deus. Um grupo de peregrinos esteve connosco. Celebrámos a Eucaristia com as Monjas e todo o Povo que habitualmente frequenta este templo. O próximo Domingo é a celebração da Páscoa do Senhor. A alegria manifestada por todos os nossos filhos, desde os mais pequeninos, é sinal, assim esperamos, do coração preparado para participar na Festa Grande dos cristãos, a Festa da Páscoa. A Ressurreição de Jesus deve ter um significado muito profundo em nossas vidas. Deve levar-nos a viver uma forma de vida renovada, verdadeiramente fraterna, em que todos nos sintamos autênticos irmãos. Esta renovação dos membros da sociedade, que nos leva a sentir a fraternidade como um factor essencial da nossa vida humana é o segredo do mundo novo que devemos construir. Deste modo, os pobres terão o necessário para uma vida digna e os ricos um coração verdadeiramente humano.

Todos queremos ser amados. Uma condição essencial é amar. Por vezes, temos medo de seguir este caminho, porque amar é despojar-se daqueles bens que podemos dispensar para ajudar os outros, os mais pobres. Um coração, cheio de bondade, sente necessidade dos outros. Assim devem ser os nossos corações. Este princípio deve animar a nossa forma de viver: Amar os outros, em especial, os mais pobres. Estar a favor dos pobres, dos mais fracos, dos oprimidos pela miséria, é algo que deve ver-se nas vidas e nos actos de cada pessoa humanamente digna. Deste modo, a vida de cada um de nós difunde luz, vida e liberdade para o progresso. Como tem sido a nossa forma de relação com os mais pobres que batem à porta do coração de cada um de nós?

As crianças abandonadas continuam a ser um problema social aflitivo. A nossa Casa do Gaiato de Benguela é procurada frequentemente como o espaço acolhedor destes filhos inocentes dos corações degradados. Não tem sido possível ir mais além, até este momento. Queremos continuar a ser a Casa de Família dos filhos abandonados, mas não podemos ser um armazém de crianças. Tudo procuramos fazer para que cada um seja um homem preparado para a sociedade. O problema social da criança abandonada deve, sem dúvida, preocupar os responsáveis pela vida social. A causa desta situação está, sem dúvida, na maioria dos casos, no comportamento desumano, imoral, dos pais que abandonam os filhos. Infelizmente, a maioria são pais jovens. As próprias autoridades sociais devem fazer tudo o que for possível para que estas situações desumanas não aconteçam com tamanha frequência. Os filhos abandonados têm corações de verdadeiros filhos normais. Neste momento, um grupo dos mais pequeninos, e outros, foram passar a manhã deste Domingo na praia. Estes filhos sentem-se verdadeiramente felizes. Quem os transportou na nossa carrinha foi o Bebeto. É um filho admirável e muito querido da nossa Casa do Gaiato. Está a trabalhar, há vários anos, no porto do Lobito. Tem a sua casa de família com sua esposa e filhos. Dedica as horas vagas que tem, no seu trabalho, na ajuda das necessidades da sua Casa do Gaiato. São filhos com o coração cheio de amor para com a mãe, Casa do Gaiato, que os criou.

Vamos continuar com muita esperança a realizar este projecto de vida social que está vivo nos corações que têm muito amor a estes filhos. Vivemos, sem dúvida, dos donativos que põem no coração da nossa e vossa querida Casa do Gaiato de Benguela. Queremos continuar a dar testemunho desta maravilha. Recebei um beijinho dos filhos mais pequeninos da nossa e vossa Casa do Gaiato de Benguela, com votos de Páscoa feliz e com muita alegria.

Padre Manuel António