BENGUELA

Somos testemunha…

Hoje, Domingo, tivemos a nossa Reunião dos Chefes da Comunidade. É, sempre, um momento importante da nossa vida ordinária. O grupo dos Chefes é o responsável da vida familiar da Casa do Gaiato. Por isso, o princípio básico que actua como alicerce, Obra de Rapazes, para Rapazes, pelos Rapazes, tem a sua manifestação no grupo de Chefes. Neste encontro faz-se uma revisão da vida que anima a grande Família que é a nossa Casa do Gaiato. Há alguns que continuam presentes nesta Reunião, embora a sua actividade diária normal seja desempenhada por outros Rapazes. Desempenharam o seu papel, com bom testemunho. Por isso, continuam presentes na Reunião, como exemplo para os seus irmãos. Os mais novos devem encontrar um bom exemplo no comportamento dos mais velhos. Como acontece numa família natural, também os irmãos mais velhos devem ser um foco de luz para os irmãos mais novos. Este padrão familiar é o modelo da vida da Casa do Gaiato. Vamos, pois, continuar, sempre com muita esperança, o bom ritmo da nossa vida.

A fome e a miséria continuam a crescer, em alguns pontos geográficos desta nossa querida Angola. Participamos deste sofrimento. Queremos dar a nossa ajuda, na medida das possibilidades. Antes de começar a escrever estas Notas, encontrei duas pobres mulheres. Uma tem oito filhos e vive prostrada, sem qualquer rendimento. Vinha acompanhada doutra irmã que está nas mesmas condições. São apenas sinais da situação triste e miserável em que vive uma porção considerável de irmãos nossos. Demos a ajuda possível. O Amor deve encher os nossos corações. A nossa Casa do Gaiato de Benguela é testemunha do Amor que enche os vossos corações. Sem a ajuda que nos é dada como fruto desse Amor, não seria, nem será, possível a nossa sobrevivência, com a vida da multidão de filhos abandonados. Por isso, continuamos a viver confiados e seguros na generosidade dos vossos corações. Temos testemunhos admiráveis que lembramos, diariamente, em união muito íntima com o Pai do Céu.

O número de crianças abandonadas aumenta. As Autoridades responsáveis, pelo bom andamento da vida social, não podem calar os seus corações. Por isso, é admirável aquela atitude dos pais e mães de família que dão as suas ajudas financeiras às Instituições que acolhem os filhos abandonados. A nossa querida Casa do Gaiato de Benguela é testemunha desta generosidade admirável. Não seria possível viver, doutro modo. A justiça social deve ser um pólo de atenção e vivência dos corações que têm tudo o que necessitam para a sua vida com dignidade. Os filhos abandonados são nossos filhos, também. Por isso, devem ser amados com toda a generosidade possível. As migalhas das nossas mesas são necessárias para as suas vidas. Esta linguagem é, apenas, um chamamento à responsabilidade de cada coração pela sorte e vida das crianças abandonadas.

Fazer de cada Rapaz um homem é o Lema que anima a doação das nossas vidas aos filhos da nossa Casa do Gaiato. Esta doação tem uma fonte muito rica: o Amor. Não fecheis os vossos corações a este foco de luz que aponta o caminho da libertação de células obscuras da nossa sociedade, Vamos a caminho da grande Festa da Páscoa. É a Festa da Libertação da Humanidade. Recebei um beijinho dos filhos mais pequeninos da nossa Casa do Gaiato de Benguela, como sinal libertador do egoísmo que domina as vidas fechadas à generosidade libertadora que põe também os bens de cada um ao serviço do Amor.

Padre Manuel António