BENGUELA
A Caridade…
É uma boa disposição do coração humano. Tem como fonte o conhecimento e o Amor de Deus Pai. Por isso, ninguém poderá alcançar a Caridade, enquanto tiver o seu coração dominado pelo egoísmo dos bens terrenos. Sem dúvida, o Amor de Deus Pai é o segredo da grandeza e da beleza do nosso coração. Quem me Ama, diz o Senhor, observa os Meus Mandamentos. E acrescenta: Este é meu Mandamento: que vos ameis uns aos outros. Portanto, quem não ama o próximo não cumpre o Mandamento; e quem não cumpre o Mandamento não pode amar o Senhor. Feliz o homem que é capaz de amar igualmente a todos os homens. Não guarda para si todas as riquezas. Administra-as como Deus faz, dando aos mais Pobres aquilo de que necessitam. Não faz acepção de pessoas. Quem dera cada um de nós tenha um coração desta qualidade. O caminho seguro da nossa felicidade é a CARIDADE. O seu fruto consiste na beneficência sincera e de coração para com o próximo mais pobre. A liberalidade e a paciência são um belo ornamento deste tesouro.
Como está o teu coração? Quem dera seja um coração sensível, perante as necessidades da multidão de pobres verdadeiros. Não pode deduzir-se, desta maneira de falar, que os ricos tenham que se fazer materialmente pobres, para participarem nos bens do Reino dos Céus. Na verdade, a autêntica pobreza do rico, e cada dia o compreendemos melhor assim, não consiste em "não ter nada", mas comprometer-se com os pobres, especialmente com aqueles que não podem defender-se, que não têm o mínimo necessário para uma vida humana digna. É difícil, sem dúvida, viver com este espírito, quando a riqueza e os bens da terra estimulam o egoísmo e uma vida fácil. Por isso, é muito actual a Palavra de Deus como um convite à conversão do coração, a deixar o abominável e abrir o coração à torrente do Amor. Tenhamos um coração generoso que nos leva, em certos momentos da nossa vida, a gestos maravilhosos de ajuda a quem cuida dos mais pobres e abandonados. Somos testemunhas desta generosidade admirável.
As crianças abandonadas devem estar muito presentes nos corações de pais e mães. São, na verdade, um chamamento ao Amor. Infelizmente, são em grande número. Quem dera fosse possível a abertura de mais Casas do Gaiato, nesta nossa querida Angola. Já temos falado deste assunto com o nosso coração. Todos os dias gozamos a alegria dos oito filhos que foram acolhidos, no início deste novo ano. O mais pequenino tem 5 anos. O mais velho tem 8 anos. A sua presença na nossa família da Casa do Gaiato de Benguela é uma fonte de alegria. Já referi que estes filhos vieram do Abrigo dos Pequeninos. Deste modo, outros podem ser acolhidos no lugar deixado por estes filhos muito queridos. Quem nos dera poder ir mais além!
A fome está a entrar na vida de muitos filhos. Este fenómeno alarga o horizonte da miséria que está a ser vivida. O género humano tem à sua disposição muito poder económico. E, sem dúvida, uma grande parte da humanidade sofre fome e miséria. E são multidão os que não sabem ler nem escrever. Perante tudo isto, será suficiente proporcionar meios de inteligência, técnica e ciência? Exige-se, sobretudo, um coração novo. É deste coração novo que os filhos abandonados necessitam. Cada um de nós está disposto e disposta a pôr este coração renovado ao serviço destes filhos? Deixa que o Amor seja o suporte da tua vida. Entramos no tempo da Quaresma. Vamos procurar vivê-la morrendo para a desgraça do egoísmo e vivendo na preparação dum coração novo, ressuscitado pela força do verdadeiro AMOR. Recebei um beijinho dos filhos mais pequeninos da nossa e vossa querida Casa do Gaiato de Benguela.
Padre Manuel António