BENGUELA
Corações generosos...
Somos chamados a repartir os nossos bens pelos mais pobres. Sem dúvida, a inclinação mais profunda do coração humano, muitas vezes, não é para distribuir, mas para acumular riqueza pessoal e satisfazer prazeres egoístas. Está aqui, sem dúvida, a causa de muitos males sociais. Não podemos esquecer que os nossos bens materiais correspondem ao seu verdadeiro objectivo, na medida em que são partilhados e postos também à disposição dos pobres que batem à porta do nosso coração. Não tenhamos medo. Sejamos corajosos e a nossa generosidade para com os pobres é também a verdadeira razão da nossa felicidade. Temos o testemunho maravilhoso dos que partilham os seus bens disponíveis. Que maravilha! Não podemos esquecer que é o egoísmo que provoca a fome, a nudez e a miséria. Devemos procurar ser "irmãos". Os pobres e os ricos devem unir as mãos e os corações e partilhar o pouco ou o muito que têm. Há um exemplo maravilhoso daquela viúva muito pobre que deu tudo o que tinha a quem não tinha nada. Jesus compensou-a, não há dúvida, com tudo o que lhe era necessário para ter uma vida normal. Nesta viúva temos a imagem de Deus e de Jesus, porque se despoja, por amor, de tudo o que tem e de tudo faz dom a cada ser humano, em especial, o mais necessitado.
Esta mensagem entra, em profundidade, no coração da Obra da Rua, todas as Casas do Gaiato e demais acções caritativas, ao longo das dezenas de anos da sua existência. O segredo da sua fecundidade social está no acolhimento dos donativos feitos pelos corações generosos e transformados em benefício dos mais pobres. A multidão dos filhos da rua, crianças abandonadas, é um verdadeiro tesouro da humanidade. Sem a partilha dos bens dos corações mais ricos e mais pobres não seria possível realizar esta maravilha social. Temos recebido testemunhos sublimes do amor que enche os corações generosos. Graças a este dom tem sido possível a vida das Casas do Gaiato. Continuamos, pois, com muita esperança, a realizar este ideal que tem um eco muito profundo nos corações, sempre abertos para ajudar a Casa do Gaiato.
Como temos referido, a falta de emprego para os nossos filhos, mais velhos e mais preparados, constitui um problema aflitivo para a nossa vida. Por isso, recebemos com muita alegria dois Responsáveis duma empresa que vieram ter connosco com a proposta do emprego. Exultamos de alegria com esta ajuda preciosa à nossa Casa do Gaiato de Benguela. É, sem dúvida, uma atitude geradora de esperança no futuro. Deste modo, será possível realizar, com êxito, o projecto educativo referente a estes filhos contemplados com o emprego. Os pedidos de acolhimento de novos membros abandonados encontrarão a porta aberta. É, sem dúvida, um factor que gera alegria. Estas ajudas são, de facto, muito preciosas.
A actividade escolar está a chegar ao fim do ano lectivo. É, sem dúvida, um dos aspectos muito importantes da acção educativa da Casa do Gaiato, em relação a estes filhos abandonados. O fruto admirável na vida dalgumas destas crianças, despojadas dos meios normais da sua formação humana, antes de entrar na nossa Casa do Gaiato, é um tesouro para a nossa sociedade. Alguns filhos já são professores e funcionários públicos com a formação necessária. Sem dúvida, como acontece nas famílias normais, não há um aproveitamento total. Alguns não vencem as resistências do mal que se instala nos seus corações. Assim acontece na sociedade normal. Há filhos que não querem aproveitar as oportunidades que suas famílias lhes proporcionam. Por isso, não podemos desanimar. O ideal de "fazer de cada rapaz um homem" é a força motora das nossas vidas. Que as ajudas dos vossos corações generosos não faltem no alicerce da construção destes edifícios humanos. É a nossa esperança para sempre. Recebei um beijinho dos filhos mais pequeninos da nossa e vossa Casa do Gaiato de Benguela.
Padre Manuel António