BENGUELA

«Fazer de cada rapaz um Homem»

A Caridade deve ser a força animadora das nossas vidas. O amor verdadeiro pede-nos o dom do que somos e temos. Os filhos queridos da nossa Casa do Gaiato de Benguela são verdadeiramente felizes, na medida em que experimentam a entrega gratuita das nossas vidas para a sua realização humana e espiritual. Esta alegria é, na verdade, partilhada pelos corações generosos que nos dão a sua ajuda. Doutro modo, não seria possível levar para a frente este projecto maravilhoso. O amor dos vossos corações é o segredo da vitória da dignidade humana sobre a miséria que tinha entrado na vida destes filhos. Por isso, a partilha convosco deste testemunho seja uma força animadora da vossa generosidade. Os donativos que os vossos corações depositam no trabalho da nossa Casa do Gaiato são uma verdadeira sementeira de esperança que vence as resistências geradas pelas dificuldades da própria missão assumida. Doutro modo, não seria possível. Está aqui, sem dúvida, a resposta à pergunta que nos é feita, muitas vezes: «Como é possível a manutenção material da Casa do Gaiato?» É o amor generoso e perseverante dos corações dos nossos queridos benfeitores. Os próprios filhos da Casa sabem que estamos a viver nestas condições. É, sem dúvida, uma base para que se comprometam, segundo as diversas idades, nos trabalhos para os quais têm capacidade. Estamos, neste momento, a fazer algumas renovações nas casas de habitação. Os filhos que estão a estudar e trabalham parcialmente nos vários sectores, nas oficinas, nas horas livres do estudo, dedicam as suas capacidades a esta renovação. Damos, deste modo, cumprimento ao princípio básico da nossa vida: «Fazer de cada Rapaz um Homem». Estes filhos são acompanhados e animados pelo querido Eng. José Luís, com o coração dum verdadeiro pai e educador.

Teve início, há dias, o terceiro e último período do ano lectivo actual. A escola é, sem dúvida, um dos sectores mais comprometedores da nossa vida. É uma pedra básica do alicerce na construção do homem. Por isso, este sector da vida humana constitui um centro da nossa actividade. Os rapazes fazem a escolaridade primária, nas várias fases. Entram, normalmente, no ensino médio. A universidade também está aberta para casos excepcionais. Como partilhamos convosco, há poucos dias, o Luís António terminou o seu curso universitário, duma forma maravilhosa. Buscamos, neste momento, o seu emprego para sair da Casa do Gaiato de Benguela. Tem boas condições para viver com a sua autonomia. A escola da nossa Casa do Gaiato é, neste momento, o centro de formação escolar para uma multidão de filhos, residentes nos bairros vizinhos. É, sem dúvida, uma oportunidade oferecida para a promoção humana dessas crianças. São necessárias, contudo, mais escolas. Oxalá esta tarefa do governo da Nação seja cumprida, com a brevidade possível.

As crianças abandonadas continuam a bater à porta do nosso coração. Sofremos por amor delas, mas ainda não temos possibilidades de as acolher em nossa Casa do Gaiato. Há dias, ao passar na rua, com o nosso Bebeto a conduzir a carrinha, vimos um menino descalço e esfarrapado a pedir pão. Recebeu o necessário para matar a fome, naquele momento. Esta figura é o retrato da situação em que vivem muitos filhos, com necessidade urgente de ser acolhidos. A situação de abandono familiar é, na verdade, uma chaga social. Vamos, contudo, viver com a esperança de podermos acolher alguns filhos mais abandonados. Os vossos corações sejam queimados pelo fogo do amor! Recebei um beijinho dos filhos mais pequeninos da nossa e vossa Casa do Gaiato de Benguela.

Padre Manuel António