BENGUELA

Queres ser verdadeiramente feliz…

A vida humana deve manter-se dentro da irradiação do amor verdadeiro. Deve tender para uma generosidade cada vez maior. A mensagem mais rica que deve encher os nossos corações é amar os irmãos, não só com palavras, mas nos gestos e nas acções. Não tenhamos dúvidas de que este é o caminho para subir mais alto, como pessoas humanas que somos. A base desta afirmação está na dimensão fraterna que nos une a todos como irmãos. Não devemos enganar-nos, utilizando somente palavras formosas e declarações de princípios. A vivência desta verdade leva-nos ao compromisso e desprendimento do próprio egoísmo. Queres ser verdadeiramente feliz como criatura humana? Ama os teus irmãos, todos os seres humanos e partilha os teus bens com os mais necessitados. Podemos resumir esta mensagem: "Filhinhos, não amemos apenas com palavras, mas com obras e verdade". O pobre, o necessitado, o miserável, que se cruza no teu dia-a-dia receba a tua ajuda.

Aquele que tiver bens deste mundo e vir o seu irmão em necessidade não lhe deve fechar o coração. Deste modo, o amor e a felicidade humanas terão a sua morada no coração generoso. Não tenhamos dúvidas de que as obras do amor verdadeiro são um testemunho da nossa dignidade humana. Estou a recordar, neste momento, a alegria dos corações que se abrem para partilhar os seus bens com os pobres, sobretudo verdadeiramente necessitados. Os donativos que vêm para a nossa Casa do Gaiato de Benguela são inundados desta riqueza de amor e alegria. Graças a esta generosidade, os filhos que estão a ser criados, para terem uma vida digna, vivem seguros e felizes.

Se amarmos realmente os nossos irmãos, não devemos ter medo das nossas fraquezas e misérias. Podemos ficar em paz, porque Deus é muito maior que o nosso coração. Ele é Amor! Como já temos referido, várias vezes, os doentes pobres batem diariamente à porta da nossa Casa do Gaiato, à busca de ajuda para as consultas e para os remédios. Acolhemo-los sempre.

Com as receitas que nos trazem vamos à busca dos remédios, procurando a farmácia com preços mais acessíveis. É, sem dúvida, uma das actividades que entram no nosso programa diário. Os doentes manifestam a sua alegria por esta ajuda muito preciosa para as suas vidas. Donde nos vem o dinheiro necessário? Os vossos corações generosos e cheios de amor são a fonte verdadeira. O Coração do Pai do Céu fecunda os corações de cada um de vós. Missão sublime!

Outra grande aflição que consome a nossa vida é o emprego para o grupo de rapazes mais velhos. O Pai do Céu está muito atento. O seu Coração cheio de Amor vai mostrando os caminhos a seguir. Esperamos, em breve, ter lugares de trabalho digno para o grupo de rapazes mais velhos. Deste modo, parte da multidão de pedidos para o acolhimento de filhos abandonados terá a sua resposta consoladora. Aguardamos a hora com muita esperança. A actividade escolar continua muito viva, no cumprimento do seu programa. Neste momento, estamos na fase das provas escolares. Há, sem dúvida, uma aplicação mais intensa do tempo de estudo preparatório. Desde os mais pequeninos aos filhos mais crescidos aumentam os cuidados dos responsáveis. É impressionante a multidão de crianças do exterior da nossa Casa do Gaiato. Vivem nos bairros vizinhos. Não teriam escola, doutro modo. É, sem dúvida, uma ajuda preciosa que recebem para a sua formação humana digna.

Há dias, fui convidado para participar na 100ª reunião do Grupo Comunitário do Bairro de N.ª Sr.ª da Graça. É, sem dúvida, um foco irradiador de vida e libertação da miséria social para alguns sectores humanos do Bairro. Quem dera não faltassem grupos comprometidos nestas actividades libertadoras da miséria social, noutras zonas que são oprimidas pelas desgraças sociais do abandono das crianças, sem escola e o mínimo de condições de vida humana. É um caminho interessante e eficaz a intervenção de grupos do próprio meio social. Que o coração de cada um de nós esteja verdadeiramente comprometido com o bem social dos filhos mais abandonados. Com um beijo para todos vós dos filhos mais pequeninos da nossa e vossa Casa do Gaiato de Benguela.

Padre Manuel António