Podem existir muitas deficiências na vida de cada um de nós. É uma atitude humilde, mas verdadeira, o reconhecimento desta realidade. Os filhos desta nossa Casa do Gaiato, como todos os filhos, são os grandes beneficiários do reconhecimento destas limitações, da parte dos pais. Vivem e crescem com maior compreensão das suas próprias fraquezas. Deste modo, os pais e todos os educadores mostram a paciência e a perseverança, sem desânimo, muito necessárias na sua missão educativa. É, sem dúvida, uma tarefa sublime. Vamos, pois, procurar viver este serviço educativo com a maior fidelidade. É profundamente humano, pois tem como fruto a preparação de verdadeiros filhos para uma sociedade equilibrada. Só um coração cheio de amor tem capacidade destas iniciativas e leva-as até ao fim. Sem dúvida, podem existir dificuldades. Porém, o importante é que tenhamos uma vida posta à disposição do serviço ao nosso próximo, alimentada pela força do amor. Não esqueçamos. Somos chamados todos os dias e muitas vezes em cada dia. Que a vida de cada um de nós seja, na verdade, uma vida comprometida com o bem da multidão de filhos abandonados, à espera do nosso amor. Façamos do amor ao nosso próximo, na família e no meio da sociedade, a lei da nossa existência. Este é o chamamento mais profundo dos nossos corações. Nesta linha de reflexão, como temos referido, há uma multidão de crianças, filhos abandonados pelos pais, que nos batem à porta da nossa Casa do Gaiato de Benguela para serem acolhidos e se prepararem para serem homens dignos. É um direito humano que têm. A causa desta situação em que se encontram é um crime social. Quem nos dera poder acolhê-los! O amor encontra a resistência da falta de emprego para os filhos, já crescidos e formados que estão a ocupar os lugares que deviam pertencer a esses filhos abandonados. Vamos continuar com muito amor e com muita esperança. Quero partilhar convosco esta situação aflitiva para que o vosso coração sinta e viva esta calamidade
social.
Um grupo dos filhos mais novos teve a alegria de gozar, na praia, os dias da semana passada. Estamos no verão de Angola, nestes dias de férias escolares. São momentos salutares para as suas vidas que se sentem fecundadas pelo amor. Os próximos dias serão animados pelo gozo da praia dos filhos mais pequeninos. No momento em que estou a escrever estas linhas, a sua preparação para a partida está a fazer-se. Estes cuidados ajudam a formação equilibrada de cada um, em que o amor e a alegria estão presentes. Os corações generosos que ajudam a nossa Casa do Gaiato a criar estes filhos, com as suas ajudas económico-financeiras, sentem-se felizes com esta partilha da nossa vida. Doutra forma não seria possível levar este projecto para a frente. A nossa Casa do Gaiato vive do amor generoso de cada um dos vossos corações, que partilham os seus bens disponíveis. Estamos no início do ano 2018. Continuamos a viver com muita esperança. As nossas festas familiares, neste período do Natal e Ano Novo, foram vividas com simplicidade e alegria, alimentadas pela partilha da generosidade dos corações que amam os filhos da nossa Casa do Gaiato de Benguela.
Há dias, ao passar por uma das ruas da cidade de Benguela, vi um grupo numeroso de pessoas sentadas, junto da porta de entrada duma empresa. Perguntei ao meu companheiro de viagem: Quem são? Gente pobre que, neste período do ano e noutras circunstâncias, vem receber a ajuda habitual que o empresário dá. Quem dera que esta partilha de bens pelos mais pobres fosse uma verdadeira prova de amor! Quem dera todos os empresários e todos os que têm possibilidades ajudassem a multidão de pobres, famintos e com outras necessidades, para que pudessem ter uma vida humanamente mais digna. Sejamos todos irmãos! Com um beijinho dos filhos mais pequeninos da vossa e nossa Casa do Gaiato de Benguela!
Padre Manuel António