BENGUELA

A Fonte é o Amor

    A falta de alimento é um flagelo que aflige muitas pessoas. O nosso coração deve estar sempre sensível para dar a sua ajuda. As obras de misericórdia devem animar de tal modo as nossas vidas que sejam uma manifestação do amor para com os mais necessitados. Por este caminho superior, resulta admirável a atitude de cada um de nós, porquanto vivemos também pendentes constantemente das misérias e necessidades dos nossos irmãos. Não tenhamos medo! O que é nosso também faz parte do património dos pobres e miseráveis. Não sejamos egoístas. Não pensemos apenas nos nossos interesses pessoais e familiares. Demos o nosso coração, de mãos estendidas, a quem nos bate à porta, até ao limite das nossas possibilidades. Quem dera a nossa sociedade seja animada por estes tesouros humanos. Que dizeis, perante este desafio verdadeiramente inquietante e portador da autêntica saúde da humanidade? A nossa querida Casa do Gaiato de Benguela é um testemunho muito vivo das duas vertentes: a satisfação das suas necessidades urgentes, com a ajuda dos seus amigos benfeitores, e a partilha com os miseráveis necessitados que entram na porta do seu coração. Deste modo, estamos a ser vida deste nosso mundo humano. Há, sem dúvida, uma multidão de gente escrava de necessidades extremas. Com o nosso coração generoso, não egoísta, a pensar apenas em si mesmo, ajudamos a libertar os nossos irmãos da fome e doutros problemas aflitivos. Estou a lembrar-me, por exemplo, daquele bairro de cubatas miseráveis, onde vive uma multidão de crianças com seus familiares. Não têm outro espaço digno, porque lhes falta a verdadeira ajuda do governo e doutros corações solidários. Estas situações, verdadeiramente humanas que se tornam desumanas, não nos devem permitir fugir, pelo desinteresse e indiferença, dos problemas dos nossos irmãos e filhos, mas a sentirmo-nos comprometidos com eles. Quem dera este projecto entre a fazer parte das nossas vidas!

    Hoje, Domingo, tivemos a nossa reunião dos Chefes da Comunidade destes filhos numerosos da nossa querida Casa do Gaiato. O Chefe deve ter uma estrutura humana, suficientemente segura, para conseguir dar o apoio, aos seus irmãos nas várias vertentes das suas vidas. É um elemento essencial na vida regular da nossa Casa do Gaiato. Somos uma família cristã. Pai Américo, ao fundar a primeira Casa do Gaiato, fez dela um eco do seu amor, nascido e alimentado no AMOR do Coração de Jesus Cristo. Por isso, o edifício humano e espiritual que está em cada Chefe deve ter como alicerce uma relação muito íntima com Jesus Cristo. Doutro modo, não terá aquela segurança que lhe permita garantir, sem desânimo, a ajuda aos seus irmãos gaiatos, na construção do filho cristão que Pai Américo sonhou e levou para a frente. Por isso, o ponto inicial, focado na reunião, foi a necessidade deste alicerce espiritual, feito com o amor à oração e a outras pedras preciosas da vida cristã. Deste modo, juntamente com a dimensão humana, natural, na vida do Chefe, não lhe faltam as condições para o cumprimento da sua missão. Outros assuntos muito importantes da vida da comunidade foram tratados com muita responsabilidade. Há confronto com os vários problemas que afligem a vida da nossa família para os quais procuramos dar uma recta solução. Os respectivos Chefes são pontos de apoio e focos de luz neste sector da vida da nossa Casa do Gaiato. A reunião é regular, com normalidade quinzenal. É uma vivência muito actual do lema que Pai Américo nos deixou para a Casa do Gaiato: "Obra de Rapazes, para Rapazes, pelos Rapazes".

    O grupo Projecto O GRÃO, constituído por seis elementos, três Rapazes e três Meninas, terminaram a sua missão na nossa Casa do Gaiato de Benguela e regressam a Portugal. Foi um serviço maravilhoso, nas mais variadas dimensões humanas e espirituais, prestadas aos nossos rapazes. A fonte da sua actividade foi o Amor. É o segredo da fecundidade do trabalho realizado, sem desânimo, na formação destes filhos, desde os seis anos até mais dos vinte e cinco. Que os seus corações os levem com muita ternura. Do mesmo modo, ficam também muito presentes nos corações destes filhos. Que os frutos produzidos por estes GRÃOS tenham repetição todos os próximos anos. Levai convosco um beijo muito querido da nossa Casa do Gaiato de Benguela, pelo carinho revelado, ao longo da estadia de dois meses e o donativo que fizestes de trezentos e vinte oito mil kwanzas à nossa Casa do Gaiato, na hora da partida. Um beijinho dos filhos mais pequeninos para todos os leitores e todos aqueles corações que estão unidos connosco.

Padre Manuel António