BEIRE - Flash's

Um Calvário em "sinodalidade"…

1 Luzes e sombras da "sinodalidade"… Ando a ver se me corrijo. Mas a 'força do hábito'… Isto é, os 'condicionamentos mentais' também têm as suas leis próprias — que é preciso saber respeitar. E, no meio da 'tristeza' do não avançar ao ritmo desejado, saboreio toda a alegria de me ver já na fase do "incompetente consciente"(1)

Quando o Papa Francisco arrancou com a proposta de uma «Igreja Sinodal», também me senti «chamado». Porque estou vivo, ainda tenho de fazer a minha parte. E foi assim que, volta e meia, me ouvem / me leem com a palavra sinodalidade. Num trabalho que pode não passar de um pobre colibri(2)… Pois. Mas não me acho dispensado. E penso que ninguém se pode dispensar — a Igreja somos nós os que nos sentimos, com Jesus de Nazaré, em processo de aprender a ser crentes não crendeiros…

Em tempos que já lá vão, sem dataque agora me faria jeito conhecer, anotei: «Sinodalidade é o reconhecimento e o saber aproveitar a convergência de forças que interagem — na mira de um maior aproveitamento para o bem comum desta comunidade d'o Calvário»… Hoje, ainda não sei dizer melhor. A palavra sinodalidade é mesmo rica — sin do grego (cum no latim / com no português). Tudo é caminho (odos!) que com+verge. Nada pode di+vergir — risco de atrasar, afastar, dispersar ou até impedir que se chegue ao bem comum de que todos precisamos.

Também sem referência, anotei: «Com Paz e Alegria! / Jesus encontra / nas palavras do profeta Isaías, / aquilo que o Pai quer dizer, / ser, / fazer / através da Sua vida, / humana, / frágil, / e ao mesmo tempo, / bela / e cheia de possibilidades. / Ali, está claro / o para quê da sua vida. / A Palavra de Deus / pode dar sentido / às pequenas coisas / que fazemos, / e àquelas que não fazemos / porque achamos demasiado pequenas. / Deixemos que Jesus nos ensine a anunciar a boa nova / através de um telefonema, / da nossa forma de chegar ao trabalho, / ou da maneira de estar à mesa. / Que o Senhor nos faça viver / como enviados, / ungidos, / inspirados, / impulsados pelo Espírito / que nos foi dado».

Penso que a palavra sinodalidade, mesmo já andando na boca de muitos «fiéis / fregueses — filhos da igreja» — ainda não passou da cabeça ao coração. Como é natural. Porque «da cabeça ao coração é o caminho mais longo do mundo»…

2 Passos que muito me alegram… Hoje é «Sexta-feira da Paixão do Senhor». A nossa capela espigueiro tem o sacrário aberto, escancarado — símbolo do «sepulcro vazio»… Manhã cedo, os que disso ainda são capazes, fomos lá rezar as Laudes. Diante do corpo do Senhor morto — ainda não ressuscitado. Num claro convite a que O deixemos ressuscitar em nós, para dar «mais vida e vida em abundância» a estas nossas videcas que correm risco de cristalizar em coisinhas de empecilho à sinodalidade…

Ao longo dos anos fui criando, nos mais meuinhos, o hábito de uma sms a lembrar a festa da Quinta-feira Santa (Ceia do Senhor). Ontem, hesitei se devia ou não mandar. Porque é preciso que eles cresçam e eu diminua. Mesmo assim, já ao fim do dia, arrisquei: «… este dia — Quinta Feira SANTA — já pouco ou nada significa para o comum dos mortais… Mas eu continuo a gostar muito do significado deste dia: a) Instituição do Sacerdócio Católico; b) Instituição da Eucaristia e, sobretudo, c) Festa do Amor, levado até ao máximo: dar a Vida por aqueles que amamos. Porque vos amo deveras, aqui vos deixo este eco do "mundo outro" em que tive a sorte de ter nascido e crescido…».

Dos ecos que se lhe seguiram e chegaram a mim, gostava de destacar um — vindo de um antigo gaiato. Fala deste dia, no seu tempo, na sua Casa do Gaiato. Na próxima crónica, esse eco será aqui transcrito ipsis verbis — porque é também uma doce amostra da história da Obra da Rua. Sabemos que tudo muda — em termos de expressão. Mas, porque a essência é eterna, tem de ser ela a guiar a mudanças que urge…

3 Para "treinar" o difícil dia+Logo(s)…Tenho na frente um documento de Pe. Alfredo — Sinodalidade & Calvário. É um testemunho do «esforço de arrumações e mudanças» que urge fazer-se aqui no Calvário, cujo peso da responsabilidade cai, agora em primeira mão, sobre os seus ombros.

O espaço já não dá para mais. Mas vós mereceis que, mal possa fazê-lo, partilhe convosco estes rebuçados tão docinhos…

1 Toda a mudança implica três fases. a) "Incompetência inconsciente". Aqui, nada se pode fazer, porque «é impossível ensinar um homem convencido de que já sabe»… b) "Incompetência consciente". Aqui, tudo pode começar, porque já se caiu na conta de que «por aqui não vamos longe»… c) "Competência inconsciente". É a 'meta final´ que testemunha que já se está preparado para passar a um novo desafio…

2 Fábula: O incêndio deflagrou na floresta. Todos os animais, esbaforidos, corriam sem saber para onde. O colibri, com toda a força e calma que a sabedoria do ser o inspirava, corria a uma enseada, colhia um pouquito de água, ia lançá-la sobre o fogo… Vendo o ridículo de suas pretensões, um macaco interpelou: — Pensas que?!… Resposta pronta. — Não. Mas estou a fazer a minha parte…

Um admirador

[Escreve segundo o acordo ortográfico]