BEIRE - Flash's

Como "ramo de oliveira"...

1 Pelo sonho é que vamos… Gosto desta asserção de Sebastião da Gama — «pelo sonho é que vamos». Ele acreditava que "todos os portugueses são poetas" e entendia que "o poeta é aquele que consegue ser, ao mesmo tempo e durante toda a vida, um enternecido como as crianças, um entusiasta como os adolescentes e um homem ponderado como os adultos"…

Frente àquele auspicioso encontro da Obra da Rua com o Instituto da Segurança Social (ISS) é assim que gosto de me ver — um português / poeta, no dizer de Sebastião da Gama; um português de lei, no curioso dizer de Pai Américo. Porque «pelo sonho é que vamos…». Naquela altura, Pai Américo foi "um sonhador" — hoje é "um Venerável", nos anais da História. E ainda no coração de tantos portugueses.

Mesmo com vozes discordantes (por parte do Estado e por parte da Igreja), Pai Américo soube fazer a caravana avançar — mesmo por entre o ladrar dos cães… «De joelhos diante de Deus, mas sempre de pé diante dos homens» — na feliz expressão de D. António Ferreira Gomes, o bispo do Porto que tomou vez e voz frente à ditadura. Como uma voz da Igreja a dar força a Pai Américo como fonte nascente da Obra da Rua.

E todos ficamos a ganhar — quer nos ponhamos do lado de César (ISS) quer nos ponhamos do lado de Deus (Obra da Rua). Parabéns ao Estado de então — mesmo que "fascista"… Parabéns à Igreja de então — mesmo com suas resistências e antipatias.

Afinal, sempre houve dificuldades no implantar "uma palavra nova". Todo o dobrar de um Cabo Bojador pede um ir além da dor…

2 Os dados estão lançados… Graças às descobertas(1) feitas naquela memorável reunião, depois de terminar o encontro, avançamos com o trabalho que urge ser feito. De mangas bem arregaçadas, porque há prazos a cumprir. Definem-se as equipas, delimitam-se as competências. O Almeidinha (Dr. Nuno), que é nosso desde pequenito, está a avançar numa pós graduação que o capacite para o exercício do papel de "diretor técnico" — exigido pelo ISS. Entretanto, a Dra. X, está já quase entre nós como estagiária. Numa dupla missão: estudar o nosso "meio ambiente" e ver o que há que "afinar". Pelo diapasão do respeito pelas respeitáveis regras do ISS. Sem perder a originalidade da Obra da Rua. Está sob orientação da Dra. Y que, "tocada" pela "palavra nova" que a Obra da Rua é, também já está entre nós.

Ambas estão num papel de ponte — para nos ajudarem a ir aprendendo a "viver com" o Estado. E ajudar o Estado a que também aprenda a "viver com" a Obra. Uma e outro precisam aprender a ver estas duas forças como dois valores(2) inseparáveis. Uma díade(3) — "moeda única" a preservar. Porque perde todo o sentido se, uma ou outro, se fecha na sua "cara" ou na sua "coroa"…

Pelas sábias leis da Natureza, todos nascemos "crianças" e despidos de qualquer adereço. É sempre no depois que tudo se decide. A depender da orientação que o desenvolvimento tomar — voltado para o próprio umbigo ou voltado para horizontes mais alargados. Fico-me a sonhar o bonito que daqui poderá nascer — se houver "amor firme" de um e de outro lado. Sinto-me em festas de esperança e já a cantar um Deus louvado pela obra que está a nascer deste fecundo dia+logo(4).

Paro-me a contemplar. A ver a vida que desabrocha — no coração da Obra da Rua e no Instituto da Segurança Social (ISS). «A bem da Nação» — entendida como o bem comum, para que uns e outros andamos a trabalhar. Fiéis ao espírito que orientou Pai Américo, nos meados do séc XX. Mas, agora, já na segunda década do século XXI…

3 Mas, «eu não vim trazer a paz»Sempre dou comigo a ruminar esta aparente contradição — «Não vim trazer a paz» / «Dou-vos a Minha paz». Sei que a PAZ é o "dom supremo" que, em cada Festa do Natal, nos é posto diante — como meta a alcançar. De mãos dadas com O Menino que nasce e renascePríncipe da Paz, Emanuel — Deus Connosco… Já profetizado como "sinal de contradição" — mas sempre a pedir o vínculo da comUNIão. Da UNIão que faz a força.

Salta-me aqui a necessidade de estar de olhos bem abertos para não fugirmos àquelas agridoces "contradições" que pedem inseparável união — pequenos e grandes / cultos e incultos / vida e morte / imanência e transcendência… Sinto em mim a palavra do Nazareno — «Eu e o Pai somos UM» / «Eu vim para que todos sejam Um».

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1 Há cobertas que, se não forem descobertas, nos tapam os olhos da razão — é a dita cegueira emocional, pai/mãe da miopia mental que não nos deixa ver mais que o próprio umbigo…

2 Valor é aquilo que acrescenta mais Vida às nossas pobres vidinhas…

3 Nunca é demais lembrar: a diferença, nem sempre é uma ameaça. Quando bem acolhida e compreendida, pode tornar-se uma riqueza mútua.

4 Apesar de muito mal tratada, a palavra diálogo seduz-me. Apela-me ao respeito pela diferença (dia), mas na busca da unidade — o "logos", a "Palavra" d'a Verdade que nos liberta dos meandros da mentira…

Um admirador