BEIRE - Flash's
Voluntários com raízes fundas...
1 - "Deus quer, o homem sonha, ..." Olho-os, oiço-os, tento com+preender... Lembro um livro de Pedro Fincler, lá muito atrás - Entender-se, para Compreender os Outros. Fico-me a ruminar - o se, do 'Entender-se', e o Voluntariado Organizado, em que cada se tanto precisa de se entender. Não duvido que são duas 'coisas' que Deus quer - a) que cada voluntário se entenda a si mesmo, para poder 'compreender' o que Deus quer dele, hoje, ao serviço destes irmãos sofredores e b) que o Voluntariado Organizado para o Calvário se pré+pare para responder ao que Deus quer. Neste hoje, aqui e agora. Neste Calvário, sonhado por Pai Américo e Pe Baptista. Um Calvário nascido lá trás, mas vocacionado também para este nosso tempo e com estes filhos que (hoje!) Deus nos manda.
Claro que o voluntariado sempre existiu. Mas o conceito e a prática do voluntariado têm evoluído muito. Desde os tempos em que Caim, com desculpas de mau pagador, se justificava diante de Deus que não era voluntário; não era 'o guarda do seu irmão Abel' (Gn 4,9). Pois. O voluntariado só pode ser veiculado por pessoas que sintam em si o querer de Deus. E, fiéis a si mesmas, entram no processo de tornar-se uma expressão visível do mistério insondável do Amor Gratuito com que Deus nos ama. Porque é Abba, Pai-Mãe que, vislumbrado pelos 'antigos', nos mostra um 'rosto' já bem RE+velado1 em Jesus de Nazaré. E que, logo, vai sendo encarnado pelos sucessivos seguidores d'Ele. De que Pai Américo é um testemunho que ainda hoje arrasta. Preciso é conhecê-lo.
Conhecer Pai Américo! Conhecê-lo no hoje, para podermos revelá-lo, hoje, aos nossos contemporâneos. Com a força e a eficácia com que ele revelou o querer de Deus, nas décadas de 40 e 50 do séc XX. Num Portugal paupérrimo. Ainda sem um Serviço Nacional de Saúde nem uma Segurança Social. Esse me parece ser o Grande Desafio para mim e todos aqueles que vislumbram que Deus nos chama, que Deus quer de nós este serviço... Não ao serviço da Segurança Social, mas ao serviço d'aquilo que a Segurança Social diz querer servir - aquela gente que mais precisa de gente... Sem se deixar comer por oportunistas. Tipo cuco, sempre à espreita de um ninho onde descarregar os seus próprios ovos...
2 - A dura lição do abacateiro... No inverno pp, um vendaval deitou por terra o nosso abacateiro. Ele era a menina dos olhos de P.e Baptista, que o plantara ali em sítio bem abrigado. Estava alto e forte. Carregadinho de fruto. Uma rajada valente pegou-lhe a jeito, deitou-o por terra e esventrou-lhe as raízes. Doía a alma ao ver aquilo. Cortada a ramagem, o tronco ficou ali, à espera de ser removido. Foram 26 caixas de abacate. Claro que aproveitamos o que pudemos. Mesmo verdes, alguns puderam esperar...
Dois anos antes da queda, o Adriano, mestre de enxertia, fez nele um alporque. A correr, lá fomos tentar salvar a espécie. E de cada vez que por ali passava, sonhava... Se o Marcelo, com sua arte de brincar com o tractor, conseguisse endireitar o tronco, podia ser que...
Plantamos o alporque e conversamos sobre o sonho de ... Um dia chego e a engenhoca estava pronta - o tronco direito, segurado por um cabo d'aço ao muro da casa de que era vizinho. Comecei a cuidar - rega, adubo, ... Veio a Primavera. Os meus olhos puxavam-lhe rebentos a ver se... Volto a passar agora. Dá gosto. Frondoso. Pronto para, penso que em breve, nos brindar com uma boa floração e...
Cada vez que passo, a cuidar dele, saltam-me os nossos voluntários. Os que foram, os que são e os que virão. Porque vamos precisar de muitos. Mas bons. Com raízes fundas. Como o abacateiro. Só desses. Porque o 'material russo' sostrova...
3 - ... vamos precisar de mais voluntários. À medida que as obras avançam, nas nossas 'reuniões de direcção', volta e meia lá aparece a com+versa de que 'vamos precisar de mais voluntários'. - Seria bom chamar os antigos, e ver se... Para, de mãos dadas, nos tornarmos 'instrutores uns dos outros'. Com algumas sessões de 'formação'2, para um 'outro modelo' de voluntariado'. Já não nos basta o 'tarefeiro' - para fazer, de graça, aquilo que, agora, tem de ser feito por pessoal 'contratado'... Entretanto, os que, com suas 'raízes fundas', ultrapassaram os 'vendavais' e, com isso, aumentaram o seu Amor à Obra, foram inventando novas formas de experimentar e de expressar o ser voluntário. Dá gosto vê-los. Num Calvário em RE+nov+ação. E, pelo que vejo e deles ouço, isso tem-nos vinculado mais e mais a esta Causa - que Deus quer...
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1 - Revelar (...) também pode significar acender uma vela, que faça luz sobre uma realidade (re) tão misteriosa como é este homem que, naturalmente, no sábio vislumbrar de Pai Américo, tanto "gosta de dar-se. Comunicar-se. Ser útil". Porque, também no seu entender, "o homem só é um doente. Não ama. Explora".
2- É ponto assente que ninguém pode dar 'formação' a ninguém. Pode-se é disponibilizar 'informação' - para que cada um faça o seu TPC - 'trabalhinho para casa' - a 'transformar em ação a informação recebida'. E é aí que a 'formação' começa a nascer...
Um admirador