BEIRE

O estar com P.e Fernando, na celebração dos seus 25 anos de Sacerdócio, era uma razão forte. Ele tem aos ombros a dura missão de repor o Calvário nos atuais trilhos da legalidade. Sem deixar que se perca nada do carisma(1) que lhe é peculiar. Carisma esse que, hoje mais do que nunca, urge manter vivo - tal é a ameaça de laico-estatização dos desprotegidos da sorte. Com Pai Américo a gritar a voz da verdade. A voz de alguém cujas "virtudes heroicas" já foram reconhecidas pela Igreja: Se perdêssemos a visão sobrenatural da acção social (acção teológica, diz ele ainda), cairíamos na vulgaridade das obras semelhantes.

Com o acidente de P.e Rafael, em Angola, tudo se complicou. Fomos postos à prova. Como tantas vezes acontece no querer de Deus(2), sempre a depender de homens que sonhem os sonhos do Seu querer. Para que a Obra nasça, cresça e dê frutos em abundância. Trocaram de posto - P.e Fernando foi para lá, dividido entre o lá e o cá; P.e Rafael, a precisar de recompor-se, veio para cá; dividido também ele entre o manter viva a chama cá e lá. Por isso todos somos poucos para nos darmos as mãos. Num gesto nobre de inteligência e humildade de calorosos aprendizes do remar firme, para porto seguro, em mar encapelado. Sinto-me um privilegiado por poder remar ainda neste barco que Pai Américo pôs no mar revolto da sociedade em que vivemos.

A seu tempo, já com mais tempo, quero voltar a fazer-vos o eco desta experiência singular. Dar testemunho do que vi e ouvi em Malanje. Pai Américo ainda está bem vivo, com o Ressuscitado. P.e Telmo e sua equipa fez sua a vontade d'Ele; seguiu-se-lhe P.e Rafael, vai já para 13 anos; pontualmente está P.e Fernando. Vi. Posso testemunhar. Sempre a mesma Fé - Eu vim para que tenham vida e vida em abundância. Neste caso de Malanje, hoje: dar mais vida a uma centena de negritos vivaços (os «Batatinhas» de lá) que, qual formigueiro em meses de Verão, enchem de movimento e de esperança esta parcela da Obra da Rua que, em boa hora, lançou raízes em África.

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1 - Esta palavra aqui tem toda a carga que lhe é própria - um grito surdo de toda aquela gente que, por suas limitações, tanto precisa de gente com coração de Abba, pai-mãe, em Quem todos somos e vivemos.

2 - Ecos de F. Pessoa que nos aponta o caminho: Deus quer, o homem sonha e a obra nasce.

Um admirador