BEIRE
Flashs da Quinzena
Sessenta e oito anos de Padre!... É a primeira vez que me lembro deste dia... Confesso o meu pecado. Peço perdão. E também não preparei homilia nenhuma... Nunca preparo. Outro pecado meu!... De que também vos peço perdão. Foi assim que P.e Telmo começou a sua homilia agradecimento das memórias de uma vida consagrada ao Deus de Jesus de Nazaré — esse Deus Servidor d'os últimos, os mais humildes, os espoliados, os ninguéns de que ninguém quer saber...
A coisa começou assim: Era o dia 28 de Junho. Depois de almoço, ainda no refeitório, naquela salutar conversa de tudo e de nada que precede o nosso cafezinho. P.e Fernando começa a bisbilhotar aquele bichinho que traz lá tudo (é assim que P.e Telmo se refere ao telemóvel de vanguarda que P.e Fernando usa para ver as informações que importa trazer presente). De repente, sai a notícia: Ah!... Amanhã, faz 68 anos que o sr. P.e Telmo nasceu sacerdote. Vamos ter que celebrar isso! E é ele que vai presidir à Eucaristia. Não pense que se escapa!...
Estas coisas, tal como acontece com tudo o que seja pôr P.e Telmo em destaque, têm logo uma delicada reacção de recusa por parte dele: — Acho que não é agora, já não me lembro bem. Mas penso que não... P.e Fernando pesquisa, confirma, e, nesse mesmo dia, ao fim da missa das 17:00h, em concelebração com P.e Telmo, passa a notícia à pequena assembleia ali reunida. E logo depois, quase em cochicho, de orelha a orelha: - Se tiver o telemóvel de alguém que P.e Telmo gostaria de ver aqui amanhã, ajude-nos a preparar-lhe assim uma surpresazinha, que bem merece.
A onda começou a espalhar-se e, no dia seguinte, naquele sábado, dia 29 de Junho - Solenidade de S. Pedro e S. Paulo — tivemos um mar de gente naquilo a que chamámos, também, a Solenidade do Nascer para o Sacerdócio do nosso P.e Telmo. Cuja presença aqui é uma bênção para o nosso Calvário. Porque é um testemunho palpável de que Jesus, mesmo quando parece dormir, não abandona a barca (Mc 4, 35-41). Nos seus, abençoadamente fecundos, já quase 94 anos de idade, com 56 de Padre da Rua, P.e Telmo é uma fonte a jorrar Mais Vida e vida em abundância (Jo 10,10) para todos quantos se aproximam dele. Basta andar aqui por perto para ouvir/ver isso: P.e Telmo é uma presença que irradia Paz. Ouvimo-lo da boca dos crentes e dos não crentes. Porque sempre fez amigos e criou os rapazes sem destrinça de crenças. Como quem intui que só lhe é pedido que o seu modo de Estar-Com-os-outros testemunhe a sua Fé. É um daqueles sacerdotes de quem o nosso Papa Francisco diria que já irradia um dinamismo evangelizador que actua por atracção (E.G. 104). Um verdadeiro irmão universal — a lembrar Carlos de Foucauld.
A emblemática Capela d'o nosso Calvário, naquele dia, foi demasiado pequena. E com prejuízo para muitos outros que, por razões diversas, não puderam estar-com+nosco. Mas bem gostariam de o ter feito nesse dia, a essa hora. Assim, num de repente, juntaram-se ali uma data de amigos — ai os barragistas! —, uma data de filhos e netos. Deste fecundo gerar na dor1, que P.e Telmo tão bem sabe beber do Evangelho, na peugada de Pai Américo.
1 - É esta a expressão que Pai Américo sempre usava ao falar daqueles que tirou da maior escola de perversão - a rua. São meus filhos, gerados na dor! Tirou-os da rua para, na dor (como as mães!) os gerar para uma nova vida que lhe devolvesse a d'IGNI+dade para que todos estamos talhados por nascimento.
Um admirador