BEIRE
Isso de "Segurança Social"…
1. Era preciso parar-se para falarmos... Precipitadamente, levados pelo coração, dissemos sim, podemos botar a mão. Era um caso que a Assistente Social daquela Câmara pintou como desesperado - o homem está na rua e sem ter para onde ir. Para mais o passado dele também deslizara pelas Casas do Gaiato. Verdade que o passado dele soubémo-lo depois, estava longe de ser "de boa memória". Mas, porque são filhos do coração, veio. Só que... não era um filho, era o inimigo dentro de portas. Dele, diria Pai Américo que ainda não era dos nossos. Ainda não tinha chegado a sua hora para ser nosso. Nós não somos dos desalojados por falta de cabeça. Somos o amparo paliativo dos caídos na valeta. Mais: o amparo caritativo! Esses que já não podem mais nem levantar-se - para fazer mal. São os que já ninguém os quer e/ou os que já ninguém pode mais aguentar aquilo. Não por mesquinhez de alguém, mas porque são um peso a mais para ser aguentado por qualquer pessoa sozinha. Somos para esses que já ninguém aguenta. Mas que continuam a ser gente que precisa de gente para poderem continuar a sentir-se gente - filhos do Deus que dá a vida. E que ELE ama.
Sabemos que o Mestre nos desafiou a "amar até os próprios inimigos". Sim, mas recomendou que à simplicidade das pombas se somasse sempre a prudência das serpentes... (Mt 10,16). E o nosso povo, na sua sabedoria, gosta de dizer que a distância entre o bom e o burro é muito curta... Por isso é preciso aprender a ser bom. O Bem precisa de ser bem feito. Diz o povo que alimentar burros à corda não é serviço de Deus... E hoje, mais do que nunca, com as reformas sociais, há o perigo de sermos explorados pela falsa pobreza. Daí nascem os adictos à subsídio-dependência. O povo honesto a pagar e o chico esperto a sacar. Porque só trabalha quem não sabe fazer mais nada... Ora, num mundo assim, são muitos os inimigos à espreita de uma oportunidadezinha para sacar o seu, em qualquer espólio de guerra... Por isso se tornam mestres em fomentar a guerrilha que desgasta.
2. O importante é levantar-se... Cometido o erro, havia que arranjar uma solução. Porque, já no sábio dizer de Nelson Mandela, uma pessoa não se mede pelos seus êxitos, mas pelas vezes em que cai e volta a levantar-se. Assim, havia que CO+operar. Nem só a Câmara nem só nós. A união faz a força. Sms para trás sms para a frente. Quase o desespero... Mas este adiar de uma solução é por impotência da Lei ou por inoperância de quem deve cuidar de aplicá-la?! Há que parar para discernir. Ver se há que ter serenidade para aceitar algo que não se pode mudar ou se há que ter coragem para mudar, quanto antes, aquilo que foi mal decidido. Sempre se impõe uma boa redecisão logo que se tenha tomado consciência de que a realidade em questão não é como se pensara.
Verdade que aí é preciso ter força. Se necessário, beber dessa Força (a Ruah!...) de onde o Povo Bíblico via brotar toda a Criação. Muitas vezes é por falta dessa Força que não se muda aquilo que nos compete a nós mudar. Não podemos viver só da solidariedade social, que sempre tem limites - de verba, de pessoal, de espaços... Às vezes é preciso a Caridade - essa que, no dizer de Pai Américo, se não houver dinheiro mas o irmão precisa, vai busca-lo à boca de um peixe qualquer...(Mt 17,27). Disto percebe o crente, não o Estado com sua (in)Segurança Social... Casas do Gaiato e, muito particularmente, o Calvário sabem que é assim.
Chegou o dia. Com a solenidade de um encontro na Edilidade, sentamo-nos os dois à mesa. Em gabinete próprio, como é de lei. Logo de início, fiquei com a grata sensação de que os dois nos iríamos manter à altura. Conseguiríamos COM+versar. Porque, efectivamente, as coisas não ficaram em águas de bacalhau, como sempre acontece quando, em vez de COM+versar, se começa num bla bla bla sem fim, a CONTRA+versar, SUB+versar e outras formas de DES+conversar...
3. Um flashzito para amenizar... Ele sabe sempre tudo. Sobre qualquer assunto. Com uma segurança que só esta classe de gente consegue ter... Sorridente, de olho muito azul, meiguito (às vezes até a cair para o meloso, sobretudo se há meninas pelo meio...), bota faladura sobre seja lá o que for. Na TV, se estamos à beira dele, não se consegue ouvir nada - só os comentários dele. - Estavas bem para conselheiro do Presidente da República -, gostamos nós de brincar com ele. - Se o Marcelo soubesse de ti...
Estávamos nos preparativos do curtir as nossas azeitonas. Como havia uma voluntária na operação (...), ele lá estava no fala que fala, a dar leis e a querer saber para que era aquilo... Quando viu tudo pronto para entregar aos tempos de intervalo nas mudas de água e acerto de condimentos, aí ele embandeirou em arco: - Já sei. É para os piritivos !... - Aperitivos, queres tu dizer ?!... - Não. Um piritivo! V. não sabe o que é um piritivo ?! Eu esplico. Pega-se assim numas pouquitas de azeitonas na mão, com um bocado de boroa e um copo de vinho, ah carago!... Nunca comeu? Nos restaurantes é sempre assim, antes de comer...
*** Lembrei a cena das fajoas e das feijocas... Mas essa com gente até formada, com obrigação de saber. Depois vos conto.
Um Admirador