BEIRE
Da original capela do Calvário para...
ABENÇOADAS INICIATIVAS. Sabe-me bem este remoer o acontecimento... E lembro aquele dito de Einstein: "Quando um homem se abre a uma ideia nova nunca mais volta a ser o mesmo". Hoje, Beire mostrou-nos que Einstein tinha razão. Pelo que registei, a coisa nasceu assim:
A freguesia de Beire alimenta e está a fazer tradição da "Consagração dos Lares de Beire ao Imaculado Coração de Maria". Fundamenta esta devoção no "apelo materno da Virgem Santíssima, feito a Lúcia, em Fátima, a 13 de Junho de 1917". E, no centro da povoação, perto da igreja matriz, num lugar onde, em tempo de outras devoções, terminava a Via Sacra (Calvário), há um nicho/capelinha, com uma bonita imagem desta invocação mariana. E todos os anos, muito cedo ainda, espalhados pelos cafés e outros lugares procurados pelo público, aparecem os cartazes chamativos a anunciar a Renovação da Consagração dos Lares de Beire ao Imaculado Coração de Maria. Assim, o dia 15 de Agosto, aqui em Beire, é de Solenidade Religiosa. Ainda não conspurcada pelos arraiais profanos da negociata de comes e bebes ao som de músicas pimba. Aqui a música é outra - cânticos de Fátima e seus sucedâneos. Tudo se quer no seu lugar próprio.
Quando, em 2009, entrou a nova Junta de Freguesia, a equipa eleita pegou nesta devoção popular, conversaram entre si, consultaram amigos e conhecidos. Procuraram o seu Pároco e expuseram a ideia nova. Sentindo-se bem acolhidos pela autoridade eclesiástica a quem competia a última palavra, a festa começou a ter nova feição: em vez de se reduzir ao interior da igreja de pedra e cal, começou a tentar-se despertar MAIS VIDA (Jo 10,10) nas Pedras Vivas da Igreja do Senhor - os paroquianos que comungam desta devoção. E assim, em cada ano, o acto religioso passou a incluir sempre uma procissão a partir da capela do lugar designado para o ano em curso. E, se o lugar não tem capela, parte de uma casa particular que a isso se preste.
O CALVÁRIO TAMBÉM PERTENCE A BEIRE... Mesmo sendo "particular, o nosso Calvário, na antiga Quinta da Torre, geograficamente, não deixa de pertencer a Beire. E até, quando sob a capa de atacar P.e Baptista - o criador desta obra ímpar - a comunicação social, mais uma vez, entrou numa de atacar a Igreja, Beire, na pessoa do seu Presidente da Junta, levantou-se a dar a cara para defender esta faceta da Obra de Rua, de que tanto se orgulha e de que sempre ouvi dizer muito bem. Mais: aqui o nosso Calvário tem uma capela muito original e única no seu género - um velho espigueiro da quinta que, de casa das espigas - para pão do corpo -, virou Casa do Pão do Céu que sacia as nossas fomes de Um Sentido para a Vida. E mais ainda: temos até duas capelas - esta, na Aldeia dos Doentes e outra lá em baixo, na Casa dos Rapazes. É a capela de Pai Américo, mandada construir assim por ele mesmo e benzida ainda com a sua presença, por D. António Ferreira Gomes, o grande Bispo do Porto, admirável impulsionador da Obra da Rua. É uma capela românica (por anacronismo...) que também vale a pena conhecer e, sobretudo, saborear o que dela disse Pai Américo.
Aqui há tempos, no fim da missa das dez, abordaram P.e Telmo sobre a viabilidade de "este ano a procissão poder sair daqui". Com aquela sua alma grande (um Mahatma, como Gandhi!...), aberta a tudo o que cheire a MAIS VIDA, P.e Telmo disse logo que SIM. - Acho a ideia muito bonita, dizia-me ele. Conversamos prós e contras e tudo se foi preparando para a festa. Uma paroquiana, nossa colaboradora, tinha feito uma promessa a Pai Américo de lavar a capela por dentro e alindar a escadaria que lhe dá acesso. Cumpriu, na primeira semana de Agosto. Estava tudo a postos. Era só chegar o dia.
Porque o nosso espaço é limitado e porque o restinho é que é sempre o melhor da festa, abram lá o vosso apetite para o que vos contarei na pf quinzena...