ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS GAIATOS E FAMILIARES DO NORTE

PASSEIO ANUAL 2023 — Pelos encantos de Lamego — Lamego é uma cidade circundada por uma vertente de beleza serrana na região Norte/Douro e é concelho que compõem o Distrito de Viseu. Foi esta a região escolhida para efectuarmos o nosso já tradicional "Passeio Anual" do agrado de muitos e cuja realização acontece há anos.

Teve a Obra da Rua nas décadas de 60/70 do passado século, uma estreita relação social com esta terra, através da interlocução com o Padre Duarte, do Lar Operário, que acolhia rapazes carenciados da região, e tal como a Casa do Gaiato, os criava, educava e formava para o futuro num possível regresso à vida privada pela sua reinserção na sociedade. A abertura do Lar deu-se a 16 de Janeiro de 1966, e através dum "cantinho" em crónica concedido no jornal O Gaiato, fazia o convite aos conhecidos, amigos e benfeitores no futuro, para a sua inauguração. A adaptação da casa para Lar, custou à época, sete contos. E tal como havia acontecido com Pai Américo, arrancou endividado com o mundo, pois só tinham três contos em caixa. Os lençóis custariam 2.000 escudos. Todavia, com as ajudas e promessas de tranquilidade de alguns fornecedores, começava a funcionar e logo chegavam pedidos para admissões de rapazes, que entretanto foram entrando. Prioridade aos mais necessitados com défice mental, de alguma locomoção, sem dedos ou outros males, provenientes de famílias incapazes de suportarem com seus meios essas fraquezas sociais de sobrevivência e prosperidade futuras. Os progressos eram tais que em pouco tempo alguns já se deslocavam do Lar para trabalharem, por exemplo, numa Tipografia de Lamego. Com esta pedagogia activa, a Obra da Rua acompanhava e auxiliava no que podia, tendo inclusive cedido espaço no nosso Lar do Porto, para os rapazes que viessem de Lamego estudar para a Invicta e conviviam com os de Paço de Sousa, igualmente estudantes ou trabalhadores. Solicitamos à neta da Obra da Rua, Luísa Pinto, que abordasse o Pai Manuel Pinto, esse jovem Gaiato com 94 anos, que nos recorda… «o Lar Operário de Lamego foi fundado e era gerido pelo cónego Duarte, uma "boa personagem" que vinha muitas vezes ao Gaiato ter com o Padre Carlos, pedir ajudas para a paróquia e comunidade desfavorecida. Não sei se o Lar ainda funciona, … talvez não.»

Tínhamos intenção de no final do passeio solicitarmos ao chauffeur Rocha um desvio rápido que passasse pela Rua do Teatro, nº 16 e verificássemos com os próprios olhos qual a situação actual. Mas, uma inesperada avaria electrónica do autocarro reteve-nos mais duas horas no alto da Serra das Meadas e já não foi possível, por tardio. Fica no entanto este testemunho escrito.

Voltando ao resumo do nosso passeio, correu bem e saímos de Paço de Sousa, como previsto, às 07.30h. Para tomarmos o pequeno almoço iniciamos o trajecto local pela aldeia da Ucanha, muito bela e onde sobressai logo à primeira vista a Ponte Medieval Fortificada lançada sobre o Rio Varosa, quiçá e pelos registos da época, a primeira em Portugal a cobrar portagens. Passeamos e admiramos todo um património natural e edificado notáveis, e verificamos que passa nesta região a «GR 64» uma grande Rota de Traking que passa pelo caminho milenar dos "Monges Brancos" outrora pertencentes à Ordem Religiosa Monástica de Cister. Pode ser percorrida desde S. João de Tarouca, onde foi erguido o 1º Mosteiro dos Beneditinos em Portugal, até ao Peso da Régua, em pleno Douro vinhateiro.

Daqui seguimos para o Santuário de Nª Sra. dos Remédios, com património e vistas deslumbrantes, onde depois no recinto das merendas teve lugar o nosso almoço piquenique "traz do teu e come com todos". Já saciados, tiramos a foto do Grupo e rumamos então a outro ponto de destaque no programa, o Parque Biológico das Meadas, no alto desta serra, um espaço natural e adaptado, com objectivos de educação e sensibilização para os problemas ambientais e a preservação das espécies, flora e fauna. Muitos de nós efectuaram a caminhada biológica, vislumbrando as espécies dos mais diversos animais em cativeiro, que pelas indicações no painel de cada um, são na maioria irrecuperáveis e sem capacidade para sobreviver em liberdade. Seguiu-se o lanche e muita animação cantante à moda Gaiata, dentro e após o encerramento do Parque. Queremos agradecer a enorme consideração que a Câmara de Lamego e a Organização do Parque tiveram por nós, deixando identificado com o nome da nossa Associação o local para nós reservado para o convívio, e acima de tudo a entrada gratuita no espaço aos 43 participantes, num gesto de carinho desta terra por nós, que nos apraz registar e agradecer. Para ambos deixamos as ofertas dos nossos livros da Associação e CD da Tuna Musical. Se Deus quiser para o ano voltaremos a realizar este carismático evento noutra região a descobrir, porque os Gaiatos e seus Familiares contam sempre com este mimo e todos gostam da nossa singela, mas credível organização. Bem-hajam. Aquele abraço.

Elísio Humberto